O que você quer ser quando crescer?

por Silvana Tamassia

17/10/2019

O que você quer ser quando crescer?

Esta é a típica pergunta que se houve o tempo todo quando se é criança e se convive com muitos adultos ao seu redor. Muitas vezes, as crianças não fazem ideia do que desejam para o seu futuro. Ainda mais nos dias atuais, quando já sabemos que metade das crianças que estão na escola hoje terão profissões que ainda nem existem!!!

Mas eu já tinha a resposta na ponta da língua: queria ser pro-fes-so-ra! Só de pensar nessa palavra me enchia de orgulho!

Por outro lado, morria de inveja da minha prima, que por ser dois anos mais velha que eu, tinha a permissão para ser a professora em nossas brincadeiras de escolinha, pois já estava na 1ª série! E eu, cumpria resignada meu papel como aluna, mas esperando o momento de chegar a minha vez.

Quando nos mudamos para São Paulo, esse privilégio veio para mim, pois agora eu era a mais velha! E exercia diariamente este ofício nas brincadeiras com a minha irmã cinco anos mais nova, e que tinha o papel de ser minha aluna.

Cresci e o sonho de menina se fortaleceu e, aos 15 anos, no início do Magistério, pisei pela primeira vez em sala de aula como professora. Iniciei com a Educação Infantil e enfrentei os primeiros desafios da profissão logo cedo.

Mas a minha felicidade só estaria completa ao chegar ao meu grande objetivo: ser professora alfabetizadora! Quanta emoção ao ver os alunos descobrindo as primeiras letras e formando as primeiras palavras…

Décadas se passaram desde então e, ainda hoje, se tivesse que voltar no tempo, começaria tudo de novo.

Tenho muito orgulho da profissão que escolhi e, apesar dos desafios que os professores enfrentam diariamente, acredito muito no poder de transformação da Educação e, neste caso, pelas mãos dos professores.

Fico pensando como podemos motivar nossas crianças e jovens de hoje a seguirem esta carreira, que está cada vez mais desvalorizada pela sociedade.trabalho docente

Penso que o caminho seja investir na valorização da carreira, que passa por salários mais atrativos, como apontado no relatório da OCDE aqui citado, mas passa, também, pelo nosso compromisso com a profissão e com nosso desenvolvimento, buscando estarmos cada vez mais preparados para lidar com os desafios da escola no século XXI e trazendo para a sala de aula situações que promovam o desenvolvimento pleno dos alunos, colocando-o como protagonista do seu processo de aprendizagem.

Passa, ainda, pela nossa própria autoimagem que se revela frágil e reafirma o estereótipo do professor que ganha pouco, trabalha muito e sofre as angústias do dia a dia da escola.

Nós, também, precisamos nos valorizar e mostrar que somos fortes e que se hoje as condições de trabalho não são as melhores em algumas realidades, nosso papel é mais uma vez de educador que mostra para a sociedade a importância de reivindicarmos melhores condições para nós e para os alunos. Para que a escola seja um lugar de esperança e de luta! E que nós educadores sejamos o exemplo daquilo que queremos para a educação e para a sociedade.

Cobrar do governo políticas públicas que valorizem a Educação, mas ao mesmo tempo mostrar que estamos firmes no desenvolvimento do nosso ofício. Só assim seremos realmente valorizados. Só assim nossos alunos terão orgulho de nossa profissão e, quem sabe, desejo de segui-la também!

Autora

Referências bibliográficas

GATTI B. A., TARTUCE, G. L. B. P., NUNES, M. M. R., ALMEIDA, P. C. A.  A atratividade da carreira docente no Brasil. São Paulo: Fundação Victor Civita – Estudos & Pesquisas Educacionais – n. 1, maio 2010.

 

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Comentários sobre o texto

  1. Marcia D. disse:

    Excelente relato! Parabéns!

  2. Tabata Milula disse:

    É isso, Sil! Excelente! Temos que reconhecer o valor dentro de cada um de nós. Reconhecer nossa importância para cada um de nossos alunos e, dessa forma, exigir daqueles que podem ou deveriam nos dar por direito: valor.

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