5 maneiras para fazer boas perguntas e envolver os/as alunos/as nas aulas

por Claudia Zuppini Dalcorso

29/01/2021

Desde a antiguidade os homens buscavam o conhecimento por meio dos questionamentos que faziam pela observação da natureza e das manifestações do mundo ao seu redor.

Foram essas inquietações, essas perguntas, que fizeram com que a humanidade avançasse cada vez mais em seu conhecimento.

Grandes filósofos desenvolveram estruturas de pensamentos para atingirem o ápice do conhecimento, todas focadas no questionamento sobre seu objeto de estudo.

A maiêutica, por exemplo, criada por Sócrates no século IV a.C., segue uma linha da filosofia que busca a verdade dentro do Homem, por meio de questões simples, inseridas dentro de um contexto determinado, o aluno seria indagado pelo seu tutor até chegar à luz de ideias complexas.

Saber fazer perguntas estratégicas é o cerne do trabalho docente. Perguntas bem estruturadas colaboram para que os/as alunos/as consigam compreender conceitos complexos, ao serem feitas em blocos que permitam uma progressão de cada parte que constitui este conceito.

Questionar é a arte de sequenciar perguntas.

Você sabe por que os/as professores/as fazem perguntas em suas aulas? Será que é possível fazer isso nas aulas remotas ou somente em aulas presenciais?

As perguntas precisam estar presentes em qualquer aula, pois elas são o grande impulsionador de novos aprendizados; como nos diz Albert Einstein: “Não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas…”

Segundo Lemov (2011[i]), para termos aulas produtivas os professores podem fazer perguntas para:

A meta é construir o conhecimento e o domínio sobre um determinado conceito ou habilidade sistematicamente pré-planejada (o objetivo da aula), o que é geralmente feito partindo de uma ideia simples e antecipando os pontos nos quais os alunos podem vir a ter dificuldade.

Este objetivo é usado quando o professor supõe que os/as alunos/as já têm um conhecimento anterior, que começaram a dominar; a finalidade é fazer com que eles reconheçam essa informação e se apropriem dela, por meio de estímulos para que realizem a maior parte do trabalho.

O/a aluno/a dá uma resposta errada e o professor aproveita para dividir o conceito original em partes menores, adicionando compreensão por meio de mais perguntas, com o intuito de propiciar o domínio do conceito original. Este tipo de questionamento tende a ser uma sequência de perguntas reativas e mais curtas.

O/a professor/a reage a um/a aluno/a que aparenta ter domínio sobre um determinado conteúdo – que responde corretamente a uma pergunta ou a uma série delas – propondo que ele aplique o conceito em um nível de dificuldade maior ou em um contexto diferente, de forma a testar a solidez da resposta correta e favorecer a ampliação do conhecimento do aluno. Este tipo de estratégia também envolve sequências de perguntas reativas e mais curtas.

O/a professor/a utiliza o questionamento para testar o domínio dos/as alunos/as sobre determinado assunto, escolhendo uma pergunta estratégica para saber quanto eles aprenderam daquilo que ela ensinou.

Esta pergunta pode ser feita oralmente ou por escrito, checando rapidamente estes resultados para que possa dar continuidade ao assunto.

O tipo de questionamento do/a professor/a pode ter mais do que uma das intenções citadas. O importante é que as perguntas possam estimular os/as alunos/as a desenvolverem o conceito ou habilidade que se quer desenvolver e também que possam engajá-los na aula.

Ao fazer perguntas para tornar as aulas mais produtivas o professor deve se certificar que, caso os/as alunos/as não acertem algumas delas, não seja por estarem mal formuladas; por isso as perguntas devem ser claras e concisas.

cinco maneiras para deixar suas perguntas mais claras e concisas de acordo Lemov (2011):

Que, quando, por que, como. Assim os alunos saberão que você está fazendo uma pergunta e começarão a pensar na resposta.

Perguntas muito elaboradas confundem alunos iniciantes, faça perguntas rigorosas e exigentes, mas limite-as a duas orações.

A melhor maneira de formular a pergunta exata é por escrito, como parte do planejamento da aula.

Diga: “Por que a personagem acha isto? Em vez de, “Mas a personagem não acha isto? A segunda frase confunde os/as alunos/as.

Pergunte: “Quem pode me dizer…” em vez de “Será que alguém pode me dizer…” A segunda frase expressa dúvida na capacidade dos/as alunos/as.

Percebam que é no momento do planejamento que estas questões devem ser pensadas; elas devem estar de acordo com o objetivo da aula que se pretende alcançar.

Muitas vezes, não damos importância para estes cuidados na formulação de questões, mas são estes pequenos detalhes que fazem a diferença e demonstram o cuidado do/a professor/a no planejamento de sua aula.

Essas questões bem formuladas irão colaborar para que os alunos possam evoluir no seu processo cognitivo, além de propiciar maior engajamento dos mesmos na aula.

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[i] LEMOV, Doug. Aula Nota 10: 49 técnicas para ser um professor campeão de audiência. Tradução de Leda Beck, consultoria e revisão técnica: Guiomar Namo de Mello e Paula Louzano. São Paulo: Da Boa Prosa: Fundação Lemann, 2011.

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Comentários sobre o texto

  1. Edneia Regina Burger disse:

    Excelentes contribuições para o planejamento de aulas: ter sempre um estoque de perguntas!
    Parabéns pelo texto e contribuições, Claudia!

  2. Neiriane da Silva Monteiro disse:

    Contribuições maravilhosas…
    Parabéns.

  3. Maria da Guia Nóbrega disse:

    Contribuições relevantes que fazem a diferença na aula. Dá fluidez ao diálogo professor x aluno.

  4. Maria Luiza Ramos disse:

    Excelente texto, com contribuições importantes para qualquer docente que deseja engajar alunos nas aulas.

  5. Claudia disse:

    Obrigada, Maria !
    Espero que essas reflexões possa ajudá-la.
    Abraços

  6. Wellynton Rodrigues da Silva disse:

    Esse livro é realmente muito bom para subsidiar o professor no dia dia em sala de aula.

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