por Claudia Zuppini Dalcorso
12/11/2021
Quando falamos sobre o papel da mulher na sociedade devemos abordar um contexto histórico complexo de como sua trajetória se constituiu desde os tempos mais remotos. Precisamos lançar um olhar para o papel social feminino, desde um lugar de total submissão, como um objeto, no qual seu corpo e sua alma não a pertenciam até o nosso momento atual que ainda é permeado de lutas e conquistas.
Eram temidas, pois simbolizam o desejo, fruto de um “tal” pecado que lhes foi ensinado por séculos. Para contê-las eram mantidas na tutela de suas famílias e depois de seus maridos, sem direitos, apenas cumpridoras de obrigações.
Sem vida política até bem pouco tempo, diria, pois no Brasil, apenas em 1932 foi permitido o voto para as mulheres. Poderia aqui discorrer ainda uma série de atrocidades históricas, que aconteceram e que infelizmente ainda acontecem com as mulheres, demonstrando que a luta pela igualdade de direitos ainda é muito longa.
Tudo isso deixa muito resquícios em nossas histórias, sem sombra de dúvidas. Meu desejo é que minha filha e todas as mulheres de sua geração e das gerações futuras não precisem passar por tais dificuldades, que possam viver em um mundo mais igualitário, equânime e justo.
Claudia Zuppini Dalcorso
Nós mulheres fomos para o mercado de trabalho, segurando todos “os chapéus” que nos foram dados, como, casa, família, filhos, assumindo o papel da dona de casa, de quem cuida das tarefas das crianças, da saúde da família, enfim, assumindo os turnos de trabalho e mais o da casa.
O meu caso não foi diferente de tantas outras histórias de mulheres que foram trabalhar. Além de trabalhar, estudar foi a minha outra grande paixão, passei vários anos nos bancos escolares, entre graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado.
Quando tomei a decisão de empreender saindo do serviço público, algo que é o sonho de muitas pessoas, para algo instável, foi muito difícil. Neste momento você coloca várias coisas em jogo. Porém, o que me motivou foi a oportunidade de fazer algo inovador e de impacto na vida de outras pessoas, algo realmente grandioso.
Eu e Silvana, minha sócia, fundamos a Elos Educacional para fazer o sonho de transformar a educação deste país, pelo menos o tanto que fosse possível e ao nosso alcance, algo possível, um passo de cada vez. Hoje já estamos completando 10 anos, foram muito aprendizados, muitos passos…
Claudia Zuppini Dalcorso e Silvana Tamassia
Sócias-fundadoras da Elos Educacional
Tivemos muitas pessoas que acreditaram em nosso potencial, pessoas que resolveram dar estes passos junto conosco, algumas delas, hoje fazem parte da equipe.
Nossa equipe é constituída de 99% de mulheres. Pessoas incríveis, corajosas, que souberam enfrentar as durezas das várias tarefas que nos cabem e ainda realizar seus trabalhos com excelência.
Equipe Elos Educacional
Empreender significa arriscar, é preciso estar aberto para novas possibilidades e para aprender.
Mas se parece ser tão difícil porque será que ainda temos tantas mulheres nesta empreitada?
Existem vários motivos, desde a necessidade de subsistência, de uma nova alternativa de profissionalização, mas principalmente como uma possibilidade de autonomia e de dizer: eu consigo!
Hoje, já existem 24 milhões de mulheres empreendedoras no Brasil, segundo a pesquisa Empreendedorismo Feminino no Brasil, publicada em 2019 pelo Sebrae. No total, são 24 milhões de mulheres à frente de seus próprios negócios no Brasil, em comparação com 28 milhões de homens.
Isto demonstra que caminhamos para uma transformação no cenário estigmatizado do papel da mulher em nossa sociedade. Mas ainda não é o suficiente, precisamos nos posicionar politicamente, ocuparmos todos os lugares que julgarmos necessários, como nas engenharias, nas gerências, nos cargos estratégicos, em qualquer posição, rompendo os paradigmas de gênero.
Para começar, basta dar o primeiro passo…
SEBRAE, Relatório especial Março 2019 Empreendedorismo Feminino no Brasil. Acessado em 04/11/21
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