Vamos falar sobre a cor da nossa pele

por Claudia Zuppini Dalcorso

04/07/2022

Eu realmente não sei o que é ser discriminada pela cor da minha pele, pois sou branca, e em nossa sociedade pessoas brancas não precisam se preocupar com este tipo de preconceito, porém sou bem capaz de entender as condições de quem vive esse problema.

Temos vários tipos de discriminação: com pobres, com gordos/as, com homossexuais, com deficientes, aliás com todos/as que fogem do que acreditamos que seja o “padrão de ideal”. Às vezes tento entender o porquê fazemos isso, já que a vida não é fácil para ninguém, porque complicamos mais ainda, procurando rótulos e tentando sobressair uns sobre os outros.

Uma coisa eu aprendi em todos os anos da minha experiência: está na hora de termos conversas difíceis. Isso mesmo, conversas sobre atitudes que não agradam a todos/as, mas que podem fazer a diferença na vida de muitas pessoas.

Não há espaço mais para intolerância, em lugar algum, mas vou falar do lugar que ocupo: o de educadora.

A escola como espaço que tem o dever de educar nossas crianças e jovens precisa acolhê-las em todas as suas diferenças e isso tem que sair do projeto político-pedagógico e de discursos inflamados e ir para a ação. Como fazer isso?

Não importa a cor da sua pele, branca, negra, parda ou amarela comece refletindo o quanto a discriminação está dentro de você?

Reflita sobre qual foi a última vez que você abriu espaço em sua aula ou em sua escola para falar sobre raça.

O quanto as crianças e jovens negros/as ou pardos/as conseguem se identificar com as histórias que lhes são ensinadas no espaço escolar?

As questões de raça estão permeando as aulas de sociologia, história, estatística, economia, geografia?

Já contamos para nossos estudantes o quanto de injustiça já foi cometida com as pessoas negras neste mundo e como podemos mudar esta história?

Qual o nível de consciência racial a sua escola possui?

Já demos voz para os/as estudantes negros/as e pardos/as para falarem o quanto eles já foram ou são oprimidos/as?

Ainda não fez nada ou só um pouco? Não tem problema, temos tempo para começar, mas não demore, a nossa dívida é alta com esta parcela da população.

Aqui vão algumas sugestões que aprendi com Mary Rice-Boothe, diretora do New York Leadership Academy, um centro de estudos para líderes escolares:

 

  • Entreviste alguém que possa mostrar sua história pessoal.

Peça para que seja explícito/a sobre como a raça afetou suas experiências e como isso afeta suas vidas hoje. Que privilégios ele/a tem ou lhe é negado por causa de sua raça?

 

  • Examine o ambiente da sua escola.

Você, conscientemente, criou um ambiente que é aberto e apoia todas as raças? Quais estruturas e sistemas estão afetando as habilidades de crianças negras e pardas para ter sucesso?

 

  • Fale sobre isso.

Você conversa regularmente com sua equipe sobre o papel da raça em suas vidas e na vida dos/as estudantes? Os/as funcionários/as conversam sobre micro-agressões e entendem o impacto que elas têm nos/as estudantes?

 

  • Tome uma atitude.

Como você está mudando as políticas e procedimentos da sua escola que oprimem sistematicamente os/as estudantes negros/as ou pardos/as?

 

Estas são ações e atitudes difíceis para serem tomadas, porém, nós educadores temos o dever de assumir posições que transformem o espaço escolar em um espaço de equidade.

Não importa onde você esteja em sua jornada para a consciência racial, eu encorajo você a começar ou continuar o trabalho. Não há mais espaço para perdemos oportunidades de iniciar essas conversas.

Você não está sozinho existem vários exemplos de mulheres negras que superaram dificuldades e hoje são brilhantes educadoras, fortes, inteligentes, corajosas e que não tiveram e não têm medo de fazerem conversas difíceis.

Aqui vai minha admiração por algumas delas citando-as para que possam conhecê-las e na figura delas quero deixar minha homenagem para todos os/as educadores desse país, independente da sua cor ou raça, mas que possuem a coragem de fazer o que é preciso para transformar suas realidades.

 

 

 

 

 

 

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