Leitura Terapia Biblioterapia

O que é Biblioterapia?

por Maria Ieda Pereira

07/11/2022

A modernidade trouxe ao ser humano situações contingenciais e inesperadas, que por mais habilidades e competências que se desenvolva, sempre haverá algo que não se está preparado para o enfrentamento. Assim, chamam-se hoje este mundo de VUCA, isto é, a sigla na língua inglesa criada para caracterizar de forma marcante o mundo que vivemos atualmente na sociedade: volatilidade (volatility), incerteza (uncertainty), complexidade (complexity) e ambiguidade (ambiguity). Certamente essas características acarretam instabilidade nas pessoas, levando de maneira geral todos/as à mercê da vulnerabilidade sazonal.

 

 

Isso ocorre a partir de fatos ocasionados pela própria globalização, velocidade das informações, tecnologia e uma evolução que apresentam benefícios, mas também, riscos aos ser humano.

 

De um lado essa evolução coloca as populações em melhores condições de acesso, aquisição de novos conhecimentos, praticidade e objetividade na vida. Por outro lado, elas desenvolvem mais estresse, condições de desequilíbrio sociais e emocionais, trazendo problemas de ordem subjetiva, com prejuízos à qualidade de vida desejada.

 

Nesse contexto ressurge a partir de estudos mais aprofundados, como ciência e como arte, a Biblioterapia, que segundo os/as vários/as pesquisadores/as, é uma prática milenar, muito comum na antiguidade.

 

Mas vocês devem estar se indagando, afinal de contas o que é Biblioterapia?

 

Na forma mais objetiva é uma metodologia utilizada na mediação de leitura, visando a cura de doenças da psique (alma), portanto, uma terapia que utiliza leituras literárias para cura desses males, que segundo Orsini (1982), pode ser utilizada para fins de diagnóstico, tratamento e prevenção de moléstias e de problemas pessoais de ordem intelectual, social, emocional e comportamental, assim, auxiliando no autoconhecimento por meio da reflexão.

 

A palavra Biblioterapia vem de dois termos grego biblion – livro, e therapeia – tratamento, cura, onde encontramos vários conceitos convergentes a ideia da relação livro/cura/alma. Portanto, vejamos alguns:

 

Shrodes (1949), por ocasião de sua defesa da tese de Doutorado, apresenta que Biblioterapia é um processo dinâmico onde ocorre a interação entre a personalidade do/a leitor/a e a literatura imaginativa, podendo atrair as emoções do/a leitor/a e liberá-las para que este/a possa fazer uso consciente e produtivo.

 

Nesse pensamento defendido por Shrodes (1949), temos a definição de Mattews; Lonsdale (1992), pois, trata-se de uma terapia de leitura imaginativa, que compreende e se identifica com uma personagem, a projeção (a percepção do/a leitor/a da personagem e si próprio/a) e a introspecção (nessa compreensão o/a leitor/a educa suas próprias emoções), ocorrendo a catarse (a resposta emocional) ou (libertação dos males).

 

Uma das mais importantes referências brasileiras em Biblioterapia, sem dúvida é Caldin (2001), também seguidora de Shrodes (1949), formada em Biblioteconomia, iniciou seus estudos no exercício da docência, até incluir a Biblioterapia como disciplina no curso de Biblioteconomia, pois, suas pesquisas a levaram a perceber a eficácia do uso da leitura e da literatura com fins terapêuticos.

 

 

Segundo a pesquisadora, a Biblioterapia é a terapia do cuidado com o desenvolvimento humano, que utiliza a leitura como instrumento, seja narrada ou dramatizada, sendo possível explorar vários aspectos dos seres humanos, além de contribuir para o bem-estar, se mostrando como uma forma de aprendizado sobre si mesmo/a, a vida e sobre o mundo, pelas várias possibilidades de textos.

 

A Biblioterapia se divide em dois tipos, a de Desenvolvimento ou Educacional, que pode ser exercida por qualquer profissional, que goste de ler e de gente e por isso, temos na atualidade, bibliotecários/as, professores/as, pedagogos/as e outros/as profissionais a utilizando e a Clínica, que somente os/as profissionais da área da saúde podem exercer, como os/as psicólogos/as e psicoterapeutas.

 

Portanto, para nós educadores/as, interessa conhecer a Biblioterapia de Desenvolvimento ou Educacional, mas este será o tema do outro  texto do nosso blog, não perca!

 

 

Referências Bibliográficas

 

CALDIN, Clarice Forkamp. A poética da voz e da letra na literatura infantil: (leitura de

alguns projetos de contar e ler para crianças). 2001. 261 f. Dissertação (Mestrado em

Literatura) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

 

FREUD, Sigmund. Os chistes e suas relações com o inconsciente. Tradução de Margarida

Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1969.

 

____. Obras completas. Tradução de Odilon Gallotti et al. Rio de Janeiro: Delta, [197-]. V.6.

 

MATTEWS, David; LONSDALE, Ray. Children in hospital: II. Reading therapy and children

in hospital. Health Libraries Review, v. 9, n. 1, p. 14-26, 1992.

 

MICHAELIS: pequeno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 1998.

ORSINI, Maria Stella. O uso da literatura para fins terapêuticos: biblioterapia. Comunicações

e Artes, n. 11, p. 139-149, 1982.

 

SHRODES, Caroline. Bibliotherapy: a theoretical and clinical-experimental study. 1949. 344

  1. Dissertation (Doctor of Philosophy in Education) – University of California, Berkeley.

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Comentários sobre o texto

  1. LIDIANE ROSARIO DE OLIVEIRA ARAUJO disse:

    Muito importante sabermos de tão importante saber que a leitura ajuda a nos transformar e a acalmar a alma.

    1. Elos disse:

      A leitura sempre oferecendo o melhor em nossas vidas.
      Obrigada Lidiane.

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