Como docentes podem usar a inteligência artificial para planejar aulas de forma mais eficiente

por Claudia Zuppini Dalcorso

22/09/2025

A rotina docente é repleta de desafios e um dos mais recorrentes é o tempo necessário para o planejamento das aulas. Em meio a tantas demandas, pensar em propostas pedagógicas criativas, alinhadas à BNCC e adaptadas às especificidades da turma pode se tornar uma tarefa complexa. É nesse contexto que a inteligência artificial (IA) surge como uma aliada potente para apoiar professores/as em seu fazer pedagógico, quando utilizada de maneira intencional, estratégica e ética.

 

O que são prompts e por que eles são tão importantes?

 

Ao interagir com uma ferramenta de IA, o/a professor/a utiliza os chamados prompts — comandos ou instruções que orientam a ferramenta sobre o que se espera dela. Quanto mais claro, específico e contextualizado for o prompt, mais adequada será a resposta da IA.

 

Veja a diferença entre os dois exemplos a seguir:

 

  • Prompt genérico: “atividade sobre divisão”
  • Prompt estratégico: “Crie um plano de aula para o 4º ano do ensino fundamental sobre divisão com números naturais, incluindo uma atividade prática com materiais simples, como tampinhas ou palitos. Indique também os objetivos de aprendizagem, tempo estimado e uma proposta de avaliação formativa.”

 

Ao incluir informações como etapa de ensino, foco pedagógico, tipo de atividade, recursos disponíveis e objetivos esperados, o/a professor/a transforma a IA em uma verdadeira parceira de planejamento.

 

Com bons prompts, a IA pode colaborar em diferentes etapas da elaboração de um plano de aula, como por exemplo:

 

  • Objetivo de aprendizagem: alinhado à BNCC ou a outros referenciais curriculares da rede.
  • Conteúdo: definição clara do tema e dos conceitos envolvidos.
  • Metodologia: sugestões de estratégias ativas, atividades práticas ou uso de recursos digitais.
  • Recursos didáticos: materiais físicos ou digitais que favorecem a aprendizagem.
  • Avaliação: propostas para acompanhar o progresso dos/as estudantes, com foco na avaliação formativa.

 

Além disso, é possível solicitar à IA que proponha adaptações para estudantes com deficiência, elabore sequências didáticas com foco interdisciplinar ou até mesmo diversifique as atividades conforme o perfil da turma.

 

Exemplos práticos de prompts

 

A seguir, algumas sugestões de comandos que podem ser utilizados por professores/as:

  • “Sugira três ideias de atividades lúdicas para ensinar sobre o sistema solar aos/às estudantes do 6º ano.”
  • “Adapte esse plano de aula de Ciências para uma turma com estudantes com deficiência visual.”
  • “Crie uma sequência didática de três aulas sobre poesia para o 1º ano do Ensino Médio, com foco na produção textual.”

 

Abaixo, listo algumas ferramentas que podem ser úteis no cotidiano docente:

  • ChatGPT (OpenAI) – Geração de planos de aula, atividades, rubricas e adaptação de conteúdos, com alto grau de personalização a partir de prompts bem estruturados.
  • Gemini (Google) – Integrado ao Google Workspace, permite criar, editar e revisar documentos, apresentações e planilhas com sugestões automáticas. Ideal para professores/as que já utilizam Google Docs, Gmail e Drive em sua rotina pedagógica.
  • Khanmigo (Khan Academy) – Assistente de IA voltado para a educação, oferece apoio à tutoria personalizada e à criação de atividades com base em conceitos curriculares.
  • Curipod – Criação automática de apresentações e planos de aula interativos com base em temas e níveis de ensino.
  • MagicSchool AI – Plataforma projetada especialmente para educadores/as, com mais de 50 ferramentas que ajudam a criar planos de aula, atividades de leitura, bilhetes informativos e até rubricas de avaliação.
  • Diffit for Teachers – Gera textos informativos e conteúdos adaptados para diferentes níveis de leitura, útil para trabalhar com turmas heterogêneas.
  • Canva com IA (Magic Write) – Ideal para elaboração de materiais visuais como cartazes, slides e infográficos educativos, com apoio de IA na geração de textos e ideias criativas.

 

Essas ferramentas podem apoiar tanto o planejamento quanto a personalização de experiências de aprendizagem, inclusive considerando contextos de inclusão, interdisciplinaridade e diferenciação pedagógica.

 

É fundamental lembrar: a IA não substitui o/a professor/a. Cabe ao profissional da educação avaliar, adaptar, contextualizar e humanizar as propostas geradas pela ferramenta, garantindo que estejam de acordo com a realidade da escola, os interesses da turma e os objetivos de aprendizagem.

 

A IA deve ser vista como uma parceira que contribui para ampliar repertórios, otimizar o tempo e inspirar novas possibilidades pedagógicas. Se você ainda está começando a explorar esse caminho, escolha uma aula da semana, elabore um bom prompt e teste a ferramenta. Com o tempo, essa prática pode se tornar um recurso valioso no cotidiano educacional.

 

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