O Dia das Mães é uma data marcada por amor, gratidão e homenagens, mas também é uma oportunidade para promover reflexões importantes sobre as diversas configurações familiares. Nas escolas, celebrar essa data exige sensibilidade e planejamento cuidadoso para garantir que todos os/as estudantes se sintam acolhidos e representados, independentemente de sua realidade familiar.
Nem todas as crianças têm uma mãe presente em casa, e essa realidade deve ser respeitada. Alguns alunos/as podem viver com pais solteiros, avós, tios, casais do mesmo sexo ou outras configurações familiares. Por isso, é fundamental que o Dia das Mães seja abordado de forma inclusiva, celebrando não apenas a figura materna, mas todas as pessoas que exercem o papel de cuidado e amor.
Podemos pensar em estratégias diferenciadas para esta abordagem além das tradicionais que já acontecem todos os anos, vamos pensar em algumas possibilidades:
- Ampliar o foco: Em vez de limitar as atividades à figura da mãe, que tal explorar o tema “quem cuida de mim”? Isso permite que cada aluno/a homenageie a pessoa ou as pessoas que desempenham esse papel em sua vida.
Proposta: Quem cuida de mim?
- Crie um mural coletivo com fotos, desenhos ou colagens de pessoas importantes na vida dos/as estudantes.
- Convide os alunos/as a escrever bilhetes de agradecimento ou carinho para essas pessoas, que podem ser entregues em casa ou expostos em um mural da escola.
- Promova uma “Roda do Afeto”, onde cada um pode compartilhar uma lembrança boa com quem cuida dele/a.
- Atividades flexíveis: Crie atividades abertas, como desenhar ou escrever sobre alguém especial em suas vidas, sem especificar quem deve ser homenageado/a. Dessa forma, todos podem participar sem se sentirem desconfortáveis.
Proposta: Produções abertas e afetivas
- Atividades como “Minha pessoa especial é…” permitem que a criança escolha livremente quem homenagear.
- Monte um livro coletivo com desenhos ou pequenos textos que celebrem gestos de cuidado.
- Oficinas de cartão ou marcadores de página decorados com frases de carinho – sem mencionar “mãe” diretamente – podem ser uma forma bonita e respeitosa de expressar afeto.
- Diálogo e empatia: Propor rodas de conversa sobre as diferentes formas de família pode ajudar a ampliar a visão dos/as alunos/as e a promover o respeito à diversidade. Use livros infantis ou histórias que reflitam essas realidades para enriquecer o debate.
Proposta: Conversas sobre as diferentes formas de família
- Use livros como “Famílias” (do Todd Parr) ou “A casa sonolenta” para mostrar diferentes tipos de famílias.
- Incentive os/as alunos/as a desenharem como é sua família, e depois compartilhem na roda.
- Promova um “Painel das Famílias”, onde cada criança representa sua realidade de forma criativa, promovendo reconhecimento e respeito mútuo.
- Evitar comparações: Cuidado com expressões ou atividades que possam destacar diferenças entre os/as alunos/as, como perguntas sobre quem participa das comemorações em casa. Em vez disso, incentive a valorização do amor e do cuidado em qualquer forma.
Dica importante: Linguagem neutra e cuidadosa
- Evite perguntas do tipo “O que sua mãe vai ganhar?” ou “Sua mãe virá à escola?”. Em vez disso, utilize frases como “Quem você gostaria de homenagear nessa data?”
- Em comemorações, convide as “pessoas queridas” dos/as alunos/as, abrindo espaço para pais, avós, tios/as, madrinhas, vizinhos/as, entre outros.
O Dia das Mães na escola pode ser uma oportunidade para ensinar sobre empatia, respeito e valorização das relações humanas. Ao reconhecer e celebrar a diversidade das famílias, a escola cumpre seu papel de formar cidadãos/ãs mais conscientes e acolhedores/as.
Com abordagens inclusivas, a data se torna mais significativa para todos/as, promovendo um ambiente onde cada aluno/a se sente respeitado e pertencente.
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Referências:
PARR, Todd. Famílias. São Paulo: Panda Books, 2012.
O livro Famílias, de Todd Parr, é uma obra infantil que celebra a diversidade das estruturas familiares de forma simples, colorida e acessível. Com ilustrações vibrantes e linguagem direta, o autor mostra que:
- Existem muitos tipos de famílias: com dois pais, duas mães, um pai e uma mãe, famílias com avós, com pais adotivos, com apenas um responsável, entre outras;
- As famílias podem ser diferentes, mas o que importa é o amor e o cuidado entre seus membros;
- Cada família tem seus próprios hábitos e rotinas, e isso não a torna melhor ou pior do que outra.
É um livro que promove inclusão, respeito às diferenças e empatia, sendo uma excelente ferramenta para conversar com crianças sobre o tema da diversidade familiar em sala de aula.
WOOD, Audrey. A casa sonolenta. Ilustrações de Don Wood. Tradução de Gilda de Aquino. São Paulo: Brinque-Book, 1994.
A casa sonolenta conta a história de uma casa onde todos estão dormindo: a avó, o menino, o cachorro, o gato, o rato… até que algo inesperado acontece e muda o rumo da calmaria. A narrativa vai se construindo em camadas, com repetições e acréscimos, o que ajuda a desenvolver a memória e a atenção das crianças.
Embora o livro não trate diretamente da diversidade familiar, ele pode ser usado como ponto de partida para:
- Conversar sobre convivência familiar, cuidado e vínculos afetivos;
- Observar quem vive junto com quem na história e refletir sobre diferentes formas de morar e viver em família;
- Trabalhar linguagem e oralidade por meio da repetição e da contação coletiva da história.
É uma leitura que convida à interação, ao riso e à empatia, além de permitir que os educadores façam conexões com temas como acolhimento, rotina familiar e relações afetivas.
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