por Mateus Buzzo
21/10/2025
A educação infantil é uma fase importante no desenvolvimento humano, na qual os alicerces cognitivos, emocionais e sociais são estabelecidos. Nesse contexto, compreender as complexidades do funcionamento cerebral das crianças torna-se essencial para a promoção de experiências educacionais significativas e eficazes. É nesse ponto que a neuropsicopedagogia emerge como uma ferramenta poderosa, integrando os conhecimentos da neurociência, psicologia e pedagogia para compreender melhor como as crianças aprendem e se desenvolvem.
Neste texto, exploraremos o mundo da neuropsicopedagogia na educação infantil, mergulhando nas suas aplicações práticas e implicações para os/as educadores/as, familiares ou responsáveis pelos/as estudantes e profissionais da área. Ao desvendar os mistérios por trás do funcionamento do cérebro infantil, abriremos caminho para estratégias pedagógicas mais eficazes, intervenções precoces e ambientes de aprendizagem verdadeiramente inclusivos.
Para nos ajudar nessa discussão, temos o prazer de contar com a perspectiva e experiência de Mateus Buzzo, professor de inglês na educação infantil e profissional em neuropsicopedagogia clínica e institucional.
Vamos explorar juntos/as como a interseção entre a neurociência, a psicologia e a pedagogia podem transformar positivamente a prática educacional na primeira infância.
Mateus: Uma avaliação neuropsicopedagógica foca no aspecto do ensino e da aprendizagem. Com os resultados, temos como estabelecer relações entre as funções corticais e a aprendizagem. As funções corticais são o estímulo da linguagem, da memória, da praxia, velocidade de processamento e até da atenção. São reconhecidas por serem desenvolvidas pelo intercâmbio da criança com os adultos e adultas aos seu redor, não se limitando apenas à família, mas também ao corpo docente que está envolvido na aprendizagem dessa criança. Compreender os processos neuropsicopedagógicos faz com que cada aprendizagem seja única, de acordo com as necessidades de cada criança podendo assim adaptar-se à realidade de cada indivíduo, inclusive às suas dificuldades e limitações.
Mateus: Baseando-se nos três pilares da neuropsicopedagogia, a emoção, a aprendizagem e a cognição, é importante usar da plasticidade cerebral, que é a facilidade com que o nosso cérebro tem de se adequar ou readequar a diversas situações, para atender as necessidades cognitivas de cada estudante por meio de intervenções neurais estimuladoras. A arte, matemática e linguagem são aliadas essenciais da aprendizagem e, consequentemente, da neuropsicopedagogia, e atividades relacionadas a esses temas podem ser adaptadas para cada estudante.
” A maioria dos/as estudantes que são considerados/as indisciplinados/as são recriminados/as, mas quase nunca os/as profissionais da educação realmente param para analisar esse/a estudante.” – Mateus Buzzo
Mateus: Profissionais que não sejam da área da neurociência ou psicologia não podem dar laudos médicos, mas podem ajudar a identificar com sinais que o/a próprio/a estudante transmite. A maioria dos/as estudantes que são considerados/as indisciplinados/as são recriminados/as, mas quase nunca os/as profissionais da educação realmente param para analisar esse/a estudante. Mas, comportamentos agressivos, isolamento social e, principalmente, dificuldade na aprendizagem de alguma área em particular (dificuldade com cálculos ou escrita em determinadas idades e falta de concentração e atenção), podem ser sinais de que aquela criança apresenta alguma condição que deve ser avaliada por um especialista para que, a partir deste entendimento, o/a professor/a possa adaptar as atividades e a rotina da aula.
Mateus: A função do/a neuropsicopedagogo/a é a de identificar o que um indivíduo ou grupo apresenta de dificuldades na aprendizagem, o que muitas vezes necessitará do apoio de uma equipe multidisciplinar. Uma vez identificado o problema, a colaboração entre o neuropsicopedagogo/a e os/as educadores/as é de suma importância, pois baseando-se no relatório apresentado, o/a professor/a será capaz de adaptar determinadas atividades para um/a estudante ou grupo e até mesmo fazer alterações na rotina dos/as estudantes ou da escola.
Ao integrar os conhecimentos da neurociência, da psicologia e da pedagogia, os/as profissionais da educação infantil ampliam sua compreensão sobre o desenvolvimento das crianças e passam a elaborar estratégias pedagógicas mais sensíveis e eficazes, que respeitam seus ritmos, emoções e potencialidades. Essa abordagem promove um ensino verdadeiramente humano e inclusivo, fortalecendo a colaboração entre educadores/as, neuropsicopedagogos/as e famílias na construção de experiências significativas que impulsionam o desenvolvimento integral das crianças — nos aspectos cognitivo, emocional e social.
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