por Adriana Rieger
09/07/2021
Você já parou para pensar sobre o que é confiança? Como se constrói uma relação de confiança? O que faz com que se tenha confiança em alguém ou alguma situação? Nosso nível de confiança é o mesmo independente da pessoa ou situação?
Este é um tema que provoca muitas reflexões e envolve valores pessoais e sociais.
Segundo Misztal (1996), confiança é um conceito e um processo em que existem três elementos:
Para Alícia Razeto (2017), confiança é um valor social que pode se manifestar de três maneiras interrelacionadas:
Tendo como premissa estas definições, que tal refletirmos sobre como se constrói uma relação de confiança?
Primeiro é preciso destacar que uma relação de confiança é fruto de uma construção que envolve a expectativa positiva no comportamento do outro por parte da pessoa que confia e ao mesmo tempo, a aceitação por parte de quem confia, da condição de ser vulnerável perante o outro em quem confiou. Não é tão simples assim confiar, afinal, quando se confia há a entrega, pois a expectativa é a de que seremos acolhidos em nossas vulnerabilidades.
Dessa forma, há pessoas que nos inspiram confiança e outras que nos causam o contrário, a desconfiança, que segundo Lewicki (1998), pode ser entendida como uma expectativa negativa sobre o comportamento alheio atrelado à crença de que o outro possui intenções prejudiciais, o que acarreta o consequente desejo de se proteger dos efeitos de seu comportamento, entendido não apenas como ações, mas também como palavras e intenções.
Quando nos detemos em analisar sobre o que nos faz confiar em alguém, podemos ponderar algumas motivações importantes, como:
Ainda segundo Razeto (2017), confiança consiste, em partes iguais, de dois elementos importantes: caráter (que trata do nosso jeito de ser) e competência (que trata da nossa maneira de fazer). A partir dessa afirmação, essa construção implica em diferentes níveis:
Recentemente nos debruçamos sobre o estudo do tema com os participantes do curso Formação de formadores. Um dos textos base para este estudo apresentou oito pilares para a construção da confiança ressaltando que para alcançarmos melhorias contínuas e o fortalecimento destes pilares, se faz eminente a implementação de uma cultura de confiança.
São eles: clareza, compaixão, caráter, competência, compromisso, conexão, contribuição e consistência.
David Horsager (2015), especialista nos estudos sobre confiança e como ela está integrada em tudo, postula que indivíduos, especialmente líderes, são o canal da confiança e que não depende de nenhuma organização em especial, mas sim, da nossa coragem em agir e ser confiável e representando um convite para que outros sigam.
E então, como anda seu grau de confiabilidade? Você tem inspirado confiança?
Referências
AZIZ, Cristina dos Santos. La construcción de relaciones de confianza y su evaluación: Desafíos y oportunidades para el fortalecimiento de la educación pública en Chile. Nota Técnica Nº 4. LIDERES EDUCATIVOS, Centro de Liderazgo para la Mejora Escolar: Valparaíso, Chile.
RIZETO, Alícia. Más confianza para una mejor escuela: el valor de las relaciones interpersonales entre professores y diretor. Montevideo: Cuadernos de investigación educativa, vol8, nª1, 2017.
Um texto lindo, limpo, que inspira confiança!!!
Parabéns Adriana!!!
A confiança é a base principal para as interações com o eu, com o outro e com o nós.
Excelente texto.
OI, Marta.
Concordo com você, pois acredito que a confiança seja a base para tudo!
Abs.
Oi, Roberta.
Confiança é uma construção dialógica e para mim, uma vez quebrada, não há o que possa remendar. E você, o pensa sobre isso?
Beijo e obrigada.
Olá, um prazer a leitura desse texto! Confiança é muito importante e muitas vezes determinante para o sucesso de um projeto, inspirar confiança deve compôr todo propósito profissional e a autoconfiança? até onde devemos ter cuidado ?
Que lindo seu texto Adriana! Me fez refletir muito! Obrigada!
Adriana, um texto é bom quando nos faz refletir, é isso que seu texto provocou em mim., uma reflexão em cima das três perguntas que iniciam este texto., e assim pensei nas situações vividas no ambiente escolar. Como esta relação de confiança é importante neste ambiente .Esta relação de confiança transita pela gestão, coordenação, professores, alunos , família e comunidades em torno da escola. A construção da confiança através dos pilares, fortalecem a escola e as pessoas que dela fazem parte. Obrigada por compartilhar.
Oi, Sueleide.
Agradeço seu comentário.
Tudo começa na gente: precisamos da autoconfiança para construir as relações de confiança.
Você faz uma provocação que penso que seja muito legítima, que é saber qual a medida, o limite da autoconfiança. Pois é, por vezes nos deparamos com pessoas autoconfiantes demais, não é? E justamente por conta disso não nos inspiram confiança.
Partindo da premissa de que a confiança seja uma construção de mão dupla, excesso de autoconfiança pode embarreirar o caminho, uma vez que se houver foco exagerado no “eu”, muitas vezes posso me perder na construção por não enxergar o outro. E daí, para que o efeito seja o contrário é um passinho! Ao invés de inspirar confiança, podemos passar a imagem de arrogância e presunção.
O que você acha?
Abs.
Um tema tão cotidiano mas escritos com elementos muitas vezes não observáveis. A leitura promoveu reflexões. Obrigada!