por Claudia Zuppini Dalcorso
30/09/2024
A Leadership Academy[1] tem se destacado pela sua abordagem inovadora em liderança educacional, especialmente por meio do conceito de cultura responsiva. Essa estratégia visa transformar profundamente as práticas pedagógicas, colocando a diversidade cultural dos/das estudantes no centro do processo de ensino e aprendizagem, promovendo assim equidade e inclusão no ambiente escolar.
Em agosto de 2024, durante uma imersão nos EUA, Claudia Zuppini e Silvana Tamassia tiveram a oportunidade de dialogar com a equipe da Leadership Academy. Nesse encontro, elas compartilharam reflexões valiosas sobre a importância de uma educação que reconheça e valorize as culturas presentes nas escolas, desafiando métodos tradicionais e construindo um ensino mais significativo e inclusivo para todos/as os/as estudantes. Essas ideias podem ser exploradas com mais profundidade no texto a seguir.
O Que é Cultura Responsiva?
Cultura responsiva, conforme explicado por Anthony King[2], um dos líderes da Leadership Academy, é a capacidade de um/a líder educacional de acessar e utilizar a cultura de seus/suas estudantes como uma ferramenta fundamental para o aprendizado. Essa abordagem vai além de simplesmente reconhecer as diferenças culturais; trata-se de integrar essas diferenças de forma significativa na prática pedagógica. A Leadership Academy, que historicamente focou no desenvolvimento de diretores/as escolares, expandiu seu escopo para incluir líderes distritais e professores/as, reconhecendo a importância de uma liderança culturalmente responsiva em todos os níveis do sistema educacional.
Rachel Scott, outra integrante da Leadership Academy, complementa essa visão, enfatizando que a mudança para uma educação culturalmente responsiva tem sido a maior transformação pela qual a organização passou nos últimos anos. Baseando-se nos estudos de Gloria Ladson-Billings e Zaretta Hammond, Rachel destaca que a cultura responsiva não só torna a educação academicamente desafiadora, mas também relevante para a realidade dos/das estudantes. Isso é essencial para garantir que todos/as recebam o que precisam para alcançar o sucesso.
Um dos principais desafios destacados por Michael Kin é reformular as disposições de liderança para que incorporem essa nova mentalidade culturalmente responsiva. Segundo ele, a Leadership Academy revisitou seus frameworks de liderança e suas abordagens de coaching para alinhar com essas novas disposições. Michael menciona que, enquanto anteriormente o foco estava predominantemente em diretores/as escolares como gerentes, agora a ênfase está em como esses/as líderes podem ser agentes de transformação cultural em suas escolas.
Essa mudança não é apenas teórica. Michael cita o desenvolvimento de novas “disposições de liderança equitativa”, que são formas de ser e mentalidades que qualquer líder deve adotar para ser culturalmente responsivo. Essas disposições têm reformulado o coaching oferecido pela Leadership Academy, trazendo uma abordagem mais integrada e focada na equidade.
Apesar dos avanços, implementar a cultura responsiva em um sistema educacional não é isento de desafios. Rachel e Antony mencionam que um dos maiores obstáculos é a limitação de recursos e o tempo necessário para que os/as líderes possam realmente adotar e aplicar essas práticas em suas escolas. Muitas vezes, os distritos escolares buscam soluções rápidas para problemas complexos, o que pode limitar a profundidade das intervenções culturais responsivas.
Outro desafio significativo é a medição de impacto. Como medir o sucesso de uma intervenção culturalmente responsiva? Antony menciona que a Leadership Academy está desenvolvendo novas ferramentas para rastrear o impacto das práticas culturais responsivas, especialmente em projetos de maior intensidade. A organização está comprometida em melhorar suas métricas de avaliação para que possam vincular mais claramente as mudanças na prática de liderança com os resultados educacionais dos/das estudantes.
Ao refletir sobre as práticas da Leadership Academy, fica claro que a cultura responsiva não é apenas um modismo educacional, mas uma estratégia essencial para promover equidade nas escolas. Ao colocar a cultura dos/das estudantes no centro do processo educacional, a Leadership Academy está pavimentando o caminho para um sistema mais inclusivo e efetivo, onde cada estudante tem a oportunidade de prosperar.
Essa abordagem, embora desafiadora, oferece uma nova esperança para educadores/as que buscam transformar suas escolas em ambientes verdadeiramente equitativos. Como observado pelos líderes da Leadership Academy, a jornada para a implementação completa da cultura responsiva está apenas começando, mas os passos dados até agora são promissores e indicam um futuro em que a equidade e a inclusão são não apenas metas, mas realidades vividas diariamente nas escolas.
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[1] A Leadership Academy é uma organização americana dedicada ao desenvolvimento de líderes educacionais, com foco em capacitar diretores/as escolares, líderes distritais e outros/as profissionais da educação para promover a equidade e a excelência nas escolas. Fundada em 2003 em Nova York, a Leadership Academy nasceu com o objetivo de fortalecer a liderança nas escolas públicas, inicialmente com foco nos diretores/as escolares.
Ao longo dos anos, a organização expandiu seu escopo para incluir programas de coaching, desenvolvimento profissional e apoio a líderes em diversos níveis do sistema educacional. Um dos principais enfoques da Leadership Academy é a “liderança culturalmente responsiva”, que visa preparar líderes educacionais para entenderem e utilizarem as culturas dos/das estudantes como ferramentas para melhorar o aprendizado e promover a justiça social.
A Leadership Academy também é conhecida por desenvolver frameworks e materiais de liderança que ajudam a moldar práticas pedagógicas mais inclusivas e equitativas. Essa organização trabalha em colaboração com distritos escolares, fundações e outras organizações para implementar programas de formação e desenvolvimento em larga escala, buscando transformar o ambiente escolar em espaços mais justos e culturalmente sensíveis.
[2] https://www.leadershipacademy.org/our-people/
Referências:
– The Dreamkeepers: Successful Teachers of African American Children. San Francisco: Jossey-Bass, 1994.
– Capítulo: Ladson-Billings, G. (2013). Teaching To and Through Cultural Diversity. Curriculum Inquiry, 43(1), 50-70.
Gloria Ladson-Billings é amplamente reconhecida por introduzir o conceito de pedagogia culturalmente relevante, que enfatiza o uso de referências culturais dos/as estudantes para promover um ensino mais eficaz e inclusivo.
– Livro: Hammond, Z. (2015). Culturally Responsive Teaching and The Brain: Promoting Authentic Engagement and Rigor Among Culturally and Linguistically Diverse Students. Thousand Oaks, CA: Corwin.
No seu livro, Zaretta Hammond discute como o ensino responsivo culturalmente pode ser catalisador para a neuroplasticidade do cérebro, promovendo um ambiente de aprendizagem onde estudantes se envolvem ativamente e assumem o controle do seu processo de aprendizagem.
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