Existe respeito à diversidade o ano todo?

por Michael Alfredo

13/11/2023

Durante o mês de junho é bastante comentado por empresas e instituições de ensino sobre respeito à diversidade por conta do dia do orgulho LGBTQIAPN+, no dia 28. Assim como no mês de setembro a depressão é bastante pautada e o mês de novembro, sobre a consciência negra. Mas e no restante do ano, esse respeito é lembrado e aplicado no dia a dia em ambiente escolar?

 

Para começar, te faço uma pergunta: você sabe o significado de todas as siglas? Segue abaixo tudo explicado para você:

 

  • Lésbica: mulher que sente amor, afeto e/ou atração sexual por outras mulheres (cis e trans). Algumas pessoas não binárias também se entendem como lésbicas por se identificarem, em algum grau ou parcialmente, com a identidade “mulher” e se relacionarem com mulheres.

 

  • Gay: homem que sente amor, afeto e/ ou atração sexual por outros homens (cis e trans). Algumas pessoas não binárias também se entendem como gays por se identificarem, em algum grau ou parcialmente, como “homem” e se relacionarem com homens.

 

  • Bissexual: pessoa que sente amor, afeto e/ ou atração sexual por pessoas do mesmo gênero ou de gêneros diferentes.

 

  • Transgênero (trans): pessoa que não se identifica com o gênero que lhe foi atribuído no nascimento:

 

– População T: serve como um termo guarda-chuva, que abrange indivíduos cuja identidade de gênero é diferente daquela designada no momento do nascimento. A comunidade T  é diversa e pode-se dizer que é formada por mulheres trans, travestis, homens trans, pessoas trans não binárias e outras identidades de gênero que cruzam ou vão além das categorias tradicionais “homem” e “mulher”.

– Mulher trans: mulher que foi designada como homem no nascimento. São pessoas que demandam reconhecimento social e legal para o gênero feminino.

– Travesti: mulher que foi designada pelo gênero masculino ao nascer, mas se reconhece numa identidade feminina. O termo “travesti” foi ressignificado positivamente, passando a ser visto como uma identidade sociopolítica por ativistas da América do Sul.

– Homem trans: homem que foi designado como mulher no nascimento. São pessoas que demandam reconhecimento social e legal para o gênero masculino.

 

  • Queer: termo de origem estadunidense ressignificado de forma positiva. É um termo guarda-chuva usado para se referir, no geral, às pessoas da comunidade LGBTI+ que não querem se rotular.

 

  • Intersexualidade: termo utilizado para um grupo de variações congenitais de anatomia sexual ou reprodutiva que não se encaixam perfeitamente nas definições tradicionais de “sexo masculino” ou “sexo feminino”.

 

  • Assexual: pessoa que não sente atração sexual por nenhum gênero. Contudo, a comunidade assexual é múltipla e algumas pessoas sentem atração sexual parcial ou condicional a atração romântica.

 

  • Pansexual: pessoa que sente amor, afeto e/ou atração sexual por todos os gêneros – homens (cis e trans), mulheres (cis e trans) e pessoas não binárias (cis e trans).

 

  • Não binária: pessoa que não quer se definir ou quer se definir além de “nem homem, nem mulher”, ou não segue as normas tradicionais de ser homem ou mulher. Por exemplo, uma pessoa pode nascer com uma genitália que aparenta estar entre o que é usualmente considerado um pênis e uma vagina. Ou a pessoa pode ter nascido com um mosaico genético, onde parte das células possui cromossomo XX e outra parte possui cromossomo XY.

 

  • +: inclui as outras sexualidades e gêneros não citados.

 

Mesmo os/as alunos/as tendo a Lei Nº 7.716 e o Art. 140 do Código Penal (Crime de Injúria) ao seu favor, segundo artigo publicado pelo site sagras, o ambiente escolar no Brasil não é seguro para pessoas LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, intersexuais, assexuais e demais orientações sexuais e identidades de gênero). É o que revela a Pesquisa Nacional sobre o Ambiente Educacional no Brasil, de 2016, realizada pela Secretaria de Educação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).

 

A escola deve ser uma memória acolhedora na vida das pessoas, com isso é dever de todos/as  que lá estão fazer um ambiente acolhedor promovendo atitudes firmes e ter uma postura de respeito à diversidade e combatendo violências físicas e verbais para estudantes e profissionais.

 

Entretanto, muitos adultos crescem com esse preconceito enraizado por falta de informação, e acabam repetindo o que ouvem de outros adultos que também não tiveram informações na sua infância, ou seja: um efeito dominó. Podemos mudar isso com essa nova geração de crianças conscientes, mostrando para elas de forma natural, como é abordado outros assuntos, que existe a diversidade em nosso cotidiano. Uma dessas formas é com a literatura infantil, que de forma lúdica é um pontapé para entrar nesse assunto durante todo o ano.

 

Abaixo listamos alguns títulos brasileiros que ensinam sobre amor e diversidade de forma lúdica:

 

1. Fausto, o dragão que queria ser dragão

Uma fábula essencial para todas as idades. Nosso pequeno dragão nos faz lembrar que ninguém nasce intolerante às diferenças dos outros: os adultos é que vão desaprendendo com padrões de imperfeição que só escondem a perfeição de um mundo plural, onde nada é mais bacana do que conviver e aceitar tudo e todos.

 

2. Olívia tem dois papais

Olívia é uma menina esperta, que sabe bem o que quer e tem plena noção de como usar algumas palavras para conseguir o que deseja. Quando tem de ficar sozinha enquanto os pais trabalham, ela diz que está muito “entediada”. Como não gosta de ver a filha “entediada”, papai Raul para imediatamente de trabalhar e, quando percebe, já está deitado no chão ao lado dela, brincando de filhinho e mamãe, ou cercado por um monte de bonecas. Para chamar a atenção de seu pai Luís, Olívia fala que está “desfalecendo”, afinal de contas, desfalecer de fome é uma coisa muito séria, e Luís é o melhor cozinheiro da família. “Intrigante” é outra palavra de que Olívia gosta muito, isso porque todas as coisas do mundo são muito intrigantes para ela. Olívia quer saber, por exemplo, como seu papai Raul sabe brincar de boneca e seu papai Luís cozinha tão bem. Quer saber também como vai aprender a usar maquiagem e sapatos de salto alto, se na casa dela não mora nenhuma mulher. A família da Olívia é um pouco diferente e totalmente “encantadora”, outra palavra que ela adora usar.

 

3. Meu maninho é uma menina

A irmã mais nova de Tom percebe que seu maninho, já adolescente, parece não ser totalmente feliz com a forma como vive. Membro de uma família tradicional brasileira, a garota acompanha o processo de autodescoberta e aceitação do irmão, que confessa se identificar como Tina. De forma sutil e poética, a narrativa apresenta, em sua história e nas ilustrações que a acompanham, os obstáculos que muitos transgêneros precisam enfrentar para atingir seu bem-estar e viver livremente.

 

4. Cachinhos de Urso 

Na casa da família Urso, todos trabalham em sua fantasia para a festa que vai acontecer à noite. Mamãe Ursa vai de Bela Adormecida, Papai Urso, de Lobo Mau, e o Pequeno Urso quer ir de Cachinhos Dourados, ou melhor, Cachinhos de Urso, com direito a saia e marias-chiquinhas. Papai Urso não consegue compreender a escolha do filho e tenta convencê-lo a usar qualquer fantasia mais “masculina”, como de ogro ou cavaleiro medieval. Nenhum dos dois cede até que um terceiro e decisivo personagem entra na história para resolver o impasse.

 

5. Três Mocinhas Elegantes

Por que os vizinhos cochichavam e olhavam torto quando elas passavam?
Por mais esperta que a menina Cuca fosse, ela não entendia… Só porque ela tinha duas mães e não tinha um pai? Mas as mães dela eram muito bacanas, solidárias e, o mais importante, cuidavam dela muito bem, com muito amor!
Apenas os vizinhos seu Chiquinho e dona Sinhá, um casal de idosos, gostavam das três mocinhas.
Até que, um dia, aconteceu um fato que fez todos os vizinhos passarem a olhar com respeito e amizade para a família de Cuca.

 

Se precisar de um material para apresentar para pais e mães de seus/suas estudantes sobre o respeito à diversidade, deixamos também o link de um vídeo que conta que em uma viagem de família, uma das crianças da Mari chegou para ela e disse: “Mãe, eu não queria ser uma menina. Eu queria ser um menino”. E ali nascia o Felipe, o filho trans da Mari.

https://youtu.be/kS4rMctrU_8

 

Com esse pontapé, esperamos ver uma nova geração mais aberta a entender e respeitar a diversidade num todo.

 

 

 

Referências:

WPensar – Direitos LGBTQIA+ para escolas: o que está na lei? Disponível em: <https://blog.wpensar.com.br/gestao-escolar/direitos-lgbtqia-para-escolas/> Acesso em 03 de jul. 2023

 

XAVIER, Lucas. Ambiente escolar não é seguro para maioria dos estudantes LGBTQIA+, aponta pesquisa – Disponível em: < https://sagresonline.com.br/ambiente-escolar-nao-e-seguro-para-maioria-dos-estudantes-lgbtqia-aponta-pesquisa/>. Acesso em 03 de jul. 2023

 

UM ESPAÇO DE APRENDIZAGEM, Orientando. O que é intersexo? – Disponível em: <https://orientando.org/o-que-e-intersexo/>. Acesso em 03 de jul. 2023

 

LEÃO, Anderson Henrique França Figueiredo; MIGUEL, Luiz Henrique; BRAGHIN, Simone; michel, Rodrigo Cavalcante; ROSSO, Priscila Freires – disponível em: < http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/redes/valorizacao_diversidade/cartilhas/Pesquisa%20Nacional%20Por%20Amostra%20da%20Popula%C3%A7%C3%A3o%20LGBTI%2B.2020.pdf>. Acesso em 03 de jul.2023

 

BRAIDO, William Gonçalves. Como apoiar estudantes LGBTQIA+ na sua escola – Disponível em: <https://blog.brainly.com.br/brainly/como-apoiar-estudantes-lgbtqia-na-sua-escola/>. Acesso em 03 de jul. 2023

 

 

 

 

 

 

 

 

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