por Alex Trajano
19/09/2022
É impossível falar sobre educação sem mencionar o nome do educador Paulo Freire (1921-1997), uma das figuras de maior destaque nos últimos anos, seja no Brasil ou até mesmo fora dele, pois, por onde passou deixou contribuições significativas. Questionou, argumentou, criticou e dialogou, e essa prática dialógica foi o seu maior compromisso com a formação humana, respeitando mulheres e homens em sua essência e compreendendo-os/as como seres fazedores e produtores de culturas. A filosofia freireana é a materialização da ação-reflexão que prenuncia o inédito-viável.
Conscientização foi sempre a sua bandeira hasteada em prol da construção de uma sociedade justa, equânime e igualitária, onde os oprimidos, ou sejam, a massa de manobra se conscientize ser essa uma condição indigna, que injustamente lhes foi imposta por seus opressores e que por meio de uma educação ontológica, a partir do ser, para o ser, com o ser, sem deixar de ser, possa superar-se e se transformar em um ser existencial político-dialógico, protagonista atuante de sua própria história, pois segundo Freire: “ninguém é sujeito da autonomia de ninguém”.
Paulo Freire, “um cidadão tipicamente recifense, tipicamente pernambucano, tipicamente nordestino, tipicamente brasileiro, tipicamente latino-americano e tipicamente um cidadão do mundo”, como descreveu sua esposa, a educadora Nita Freire, num evento em comemoração ao seu Centenário, levado a efeito na noite de 19 de outubro do ano de 2021, organizado pela Associação Comunitária Educacional Cícera Tereza dos Santos – ACECTS. Era por muitos também chamado de andarilho da utopia, semeou, de maneira crítico-político-reflexiva e democrática, sementes frutíferas no solo fecundo, mas muitas vezes ressequido da educação, rompendo paradigmas e barreiras com sua atuação e contribuição, sobremaneira no campo da educação de pessoas jovens e adultas e é, sem sombra de dúvidas, um de seus maiores feitos ter conseguido alfabetizar mais de 300 cortadores de cana de açúcar, na cidade de Angicos, interior do Rio Grande do Norte, no ano de 1963.
No cenário educacional, Paulo Freire também trouxe à luz questões fundamentais que concernem ao contexto tradicionalista e autoritário de ensinar, onde o professor é o sujeito ativo participante do processo de ensino e aprendizagem e se julga detentor do saber, vendo no/a estudante um ser passivo, receptor-depositário dos seus ensinamentos e conhecimentos no processo de aprendizagem, sem direito à vez e nem tampouco à voz, o que ainda hoje podemos encontrar no campo educacional e é definida por Paulo Freire como “educação bancária”.
A prática da educação tradicional-bancária foi uma das inquietudes de Freire que a criticou e questionou por meio de sua pedagogia libertadora onde o sujeito é o protagonista de sua própria história, dono de uma bagagem cultural que deve ser respeitada e colocada em evidência na construção do saber que em suas palavras: “não há saber mais, ou saber menos, há saberes diferentes”, e o/a professor/a constrói com clareza o seu papel, que deve ir além de sua profissão, transformando-o em educador/a, superando a visão “mágica e ingênua” de educação e também da construção do conhecimento, sendo assim, estudante e professor/a são partes integrantes de uma engrenagem que deve girar simultaneamente, enquanto um ensina e o outro aprende e vice-versa construindo-se dessa forma uma nova postura da relação entre educador/a-educando/a, educando/a-educador/a e educando/a-educando/a.
Com sua mansuetude e visão revolucionária Paulo Freire deixa um legado indelével para a educação brasileira e mundial e nos convida a esperançar, pensar, repensar, dialogar, questionar, ressignificar e a ler e compreender os mundos que nos cercam de maneira crítica, sensível, solidária e humana.
Referências:
FREIRE. P. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
______. Conscientização. Teoria e Prática da Libertação Uma Introdução ao Pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez & Moraes, 1979.
Sem dúvida nenhuma um dos maiores idealizadores e político pedagógico da história da educação. Orientador e incentivador da área pedagógica, formação humana e política, dono de uma bagagem cultural como ninguém. Merece nosso respeito e o nosso comprometimento com o desenvolvimento da formação humana social, cultural e política.
quando se pensa em educação pensa em Paulo Freire, e quanto mais você conhece o legado do teórico, entende o tamanho de sua contribuição na educação. sendo uma escada para o sucesso de futuros educadores.