por Cláudia Zuppini
09/06/2017
As novas tecnologias chegaram e trouxeram com elas diferentes formas de nos comunicarmos, de interagirmos com o cotidiano, fazendo aos poucos com que mudássemos de hábitos e costumes sem que notássemos e refletíssemos sobre isso.
É como quando vemos uma criança crescendo, sem perceber bem, e de repente nos damos conta de que ela não é mais uma criança, já é um jovem.
Assim são as novas tecnologias e comunicações que passam pelo nosso dia-a-dia cada vez mais rápido, que mal damos conta de nos apropriamos do hoje, e amanhã já tem algo novo, e muito provavelmente algo disruptivo, que trará um sentimento de algo ultrapassado para uma tecnologia criada há pouco tempo.
Tempo é outra questão a se pensar: qual é o tempo para uma tecnologia ser considerada ultrapassada? Não sabemos, tudo depende o quanto ela irá atender as necessidades do grupo social que ela se dispõe a servir, e até quando algo novo e disruptivo irá surgir para substituí-la.
Esta avalanche de informações e novidades não possui freios e está a favor do progresso, o qual ninguém seria capaz de questionar sua importância. Porém, o que não anda na mesma velocidade é a educação escolar.
Não temos dúvida que este espaço, a escola, deveria ser um dos locais mais privilegiados para fomentar e se favorecer de todos os benefícios das tecnologias, mas infelizmente não é isso que vivenciamos em todas as realidades educacionais.
Gostaríamos que a educação avançasse da mesma forma em relação a conquista da equidade na aprendizagem dos alunos, na formação dos docentes para que se apropriassem destas tecnologias e que todos as escolas estivessem adequadas com internet de qualidade e equipamentos tecnológicos para que o trabalho pudesse fluir com a qualidade que ela merece.
Equidade, entendida como a capacidade de reconhecer as especificidades das pessoas, da forma como se estruturam as sociedades e as suas instituições, em relação a aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos, constatando as diferenças para pensar em como distorce-las.
Enquanto isso, a realidade que presenciamos é um aumento das diferenças sociais cada vez maior entre quem pode se apropriar deste saber e de quem não pode.
Apesar de já termos alguns avanços, e que não devemos ignorá-los, muito ainda há que se fazer.
Neste sentido socializo dois trabalhos, os quais tiver oportunidade de estar junto na discussão e na produção, com a Stanford Graduate School of education, em parceria com o Lemann Center for Educational Entrepreneurship and Innovation in Brazil, que exemplifica o esforço em trazer essa discussão para o foco das pautas pedagógicas.
Estes trabalhos demonstram uma tentativa de agir na pulverização do conhecimento da academia na busca de um fazer reflexivo na manutenção de uma comunidade para a mudança da realidade que temos para a que queremos.
A elaboração deste espaço de pesquisadores para a reflexão sobre a literacia digital, na qual propicia uma discussão na agenda das universidades, colabora também para fomentar essa discussão na construção de políticas públicas.
Ao colocar luz sobre o assunto e trazer pessoas de relevância nesta discussão contribuímos para que todos possam pensar e conhecer mais do trabalho que acontece em vários lugares, onde se fala a língua portuguesa, e com isso manter um diálogo aberto com uma comunidade produtiva na intenção de torná-la mais proativa em busca de soluções.
Todos os pesquisadores destes painéis apontaram para a necessidade de termos uma matriz de competências digitais para o século XXI, bem como a busca da formação de profissionais que sejam capazes de serem mediadores entre a informação e o conhecimento.
A reflexão sobre o tema da Literacia Digital na formação dos professores pode contribuir para darmos alguns passos para a melhoria da nossa qualidade em educação, pois sabemos que não basta ter acesso as tecnologias de informação, é necessário desenvolver habilidades para usá-las e adaptá-las as nossas necessidades.
Veja na integra o painel nas suas duas edições:
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