por Elaine Stella
04/12/2020
Aprender a viver em um ambiente de diversidade é um dos principais desafios do mundo contemporâneo – e, portanto, da educação. Ao longo da vida escolar, os alunos se deparam com todo tipo de diferença: de gênero, raça, valores, religião, expressão da sexualidade, ritmos de aprendizagem, configurações familiares etc.
No mês de novembro tive a oportunidade de apresentar um ex-aluno, Soleandro, para toda a equipe Elos. Um jovem, de 23 anos, compartilhando seus saberes, vivências e sonhos com estudiosos da educação. Trouxemos a temática da expressão de gênero e sexualidade.
Segundo Paulo Freire, a prática libertadora liga pensamento e ação.
Quanto mais conscientização, mais se ‘des-vela’ a realidade, mais se penetra na essência fenomênica do objeto, frente ao qual nos encontramos para analisá-lo. Por essa mesma a razão, a conscientização não consiste em ‘estar frente à realidade, assumindo uma posição falsamente intelectual. A conscientização não pode existir fora da ‘práxis’, ou melhor, sem o ato de ação-reflexão. Essa unidade dialética constitui, de maneira permanente, o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens. (FREIRE, 1980: 26).
Nossa conversa começou trazendo o significado da sigla LGBTQIA+ e da explicação sobre esse movimento que busca lutar pelos direitos e inclusão de pessoas de diversas orientações sexuais e identidades de gênero. Para saber mais sobre a sigla disponibilizo um link aqui.
Em um segundo momento abordamos a temática da linguagem neutra de gênero. Refletimos sobre como tratar com as pessoas que não se identificam como cisgêneras e sobre como devemos usar frases que vão além de um padrão comum e que as faça se sentirem incluídas.
“Cisgênero e transgênero são tipos de identidades de gênero, ou seja, são formas como as pessoas identificam-se. Cisgênero é o indivíduo que se identifica com o sexo biológico com o qual nasceu. Um exemplo de cisgênero é uma pessoa que nasceu com genitália feminina e cresceu com características físicas de “mulher”, além disso adotou padrões sociais ligados ao feminino, comumente expressados em roupas, gestos, tom de voz.” (CAMPOS, Lorraine Vilela. “Cisgênero e Transgênero“; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sexualidade/cisgenero-transgenero.htm. Acesso em 04 de dezembro de 2020.)
A Linguagem Neutra de Gênero é um conjunto de sugestões de boas práticas linguísticas para você se comunicar de forma a não apresentar um padrão totalizante de gênero na sua linguagem, ou seja, que convide a fugir do senso comum na linguagem.
Sua finalidade é desconstruir o gênero e romper com a binaridade nas falas, escritas e nos símbolos das línguas, no caso do Brasil, especificamente na língua portuguesa.
Assunto complexo? Sim, ainda um tabu! Mas o uso da linguagem neutra de gênero já é realidade em alguns lugares do mundo, como por exemplo:
Na prática, a proposta é usar a letra E como desinência nominal para as palavras que admitem flexão de gênero. Um exemplo, neste caso, seria: “Ariel é muito esperte”. O pronome possessivo que no masculino seria meu e no feminino seria minha, no neutro seria minhe: Ariel é minhe amigue. Para os pronomes pessoais de terceira pessoa, no qual o masculino é ele e o feminino é ela, a opção neutra mais reconhecida é o elu. Para saber mais sobre as flexões neutras indico um material produzido pelo Guia do estudante.
Esta é uma discussão que ainda está sendo feita internamente, estamos propondo uma reflexão, buscando conhecimentos e entendimento sobre esse assunto, o primeiro passo de uma longa caminhada…
Buscar o entendimento racional daquilo que foge à nossa familiaridade, sentir e experimentar o outro, deixando que ele nos afete emocionalmente e trabalhar a empatia devem ser exercícios contínuos. E que esse espaço seja para isso. Boas reflexões!
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