acolhimento

Acolhimento Escolar

por Grace Luciana Pereira

19/03/2021

A pandemia assombrou a população brasileira de maneira severa e, mesmo com tantas perdas, a educação não parou. Os educadores do nosso país buscaram a reinvenção de suas práticas, motivo de muito orgulho, pois sabemos das desigualdades sociais que foram maximizadas pela situação em que nos encontramos!

 

Um novo ano se iniciou, ainda permeado por algumas incertezas, mas também tomado pela esperança: a Ciência se fez presente e nossa Humanidade passará por mais este fato histórico.

 

Nossas crianças e adolescentes retornam às escolas, seja de forma, remota ou presencial, de acordo com os diferentes contextos. Uma palavra que combina com recomeço, é acolher!

 

Acolhimento tem relação direta com uma escola que respeita as crianças e comunidade escolar em suas singularidades.

 

Acolher, de acordo com o dicionário: oferecer ou obter refúgio, proteção ou conforto físico; abrigar(-se), amparar(-se).

 

Assim, uma escola que acolhe é aquela em que a equipe escolar, composta por todos os atores do cenário educacional, exerce a capacidade de instaurar e reforçar relações positivas com as crianças, estudantes e famílias.

O acolhimento, então, diz respeito somente à comunidade escolar?

Na verdade, é bem mais amplo do que isso. Observe os atores do acolhimento:

Os princípios de acolhimento, valem para:

consigo mesmo;

com os colegas;

com a equipe gestora;

com os estudantes;

com a equipe de apoio;

com a comunidade escolar.

 

É importante ressaltar, que trato de acolhimento, não como uma ação pontual de início das aulas, mas de um processo que percorra todo o ano letivo.  É um convite à reflexão sobre a importância do planejamento de ações, a curto, médio e longo prazo, para o acolhimento e permanência dos(as) estudantes na escola, o que envolve acolher as crianças e adolescentes em sua integralidade, desde os aspectos emocionais até os cognitivos.

 

Conheça alguns objetivos do acolhimento:

  • reestabelecer a sensação de segurança;
  • reestabelecer a estabilidade – rotina;
  • promover espaços de escuta;
  • fortalecer os laços na relação família-escola e
  • constituir relações saudáveis e inclusivas entre estudantes, professores e profissionais da escola.

A grande questão é tirar o acolhimento do entendimento de que é uma ação social e o eleger como uma prioridade no planejamento escolar.

Nessa construção coletiva de uma escola diversa, inclusiva e acolhedora, como colocar em prática esse acolhimento?

Faz- se necessário um momento em que as equipes gestoras apliquem esse conceito de acolhimento, primeiramente, em relação à equipe escolar, docentes e todos que apoiam as atividades escolares, com intuito de acolher quem acolherá!

Posteriormente, com a equipe da unidade escolar toda reunida, seja presencialmente ou on-line, é fundamental que o acolhimento seja planejado em cima da coleta de dados das crianças ou adolescentes, com a criação de um mapeamento das necessidades emocionais e cognitivas.

Podem ser feitas entrevistas, questionários, murais, canais de ajuda impressos ou virtuais. É imprescindível que ao realizar a coleta de dados, se tenha em mente o porquê ela está sendo realizada.

 

Para que os dados sejam significativos é necessário:

  • ter consciência da intencionalidade do diagnóstico;
  • ter acessibilidade dos dados para que todos os envolvidos sejam informados dos resultados;
  • ficar atento à clareza nas questões, para favorecer a qualidade da coleta das informações;
  • compreender que o uso do mapeamento será para apoiar planejamento de ações;
  • analisar os dados para que as informações sejam bem assertivas para o planejamento das ações e
  • oferecer a todos(as) os(as) professores(as) o mapeamento realizado para que possam elaborar seus planejamentos com base nos dados coletados.

Outros pontos importantes que podem auxiliar na elaboração de um planejamento do acolhimento são:

  • a escuta ativa, para que os processos desenhados personalizem as relações e
  • a equidade, que é outro fator preponderante, pois, em suas peculiaridades, as crianças e adolescentes têm necessidades e vulnerabilidades diferentes.

Nesse sentido, é importante destacar que as vulnerabilidades presentes podem fazer parte de marcações estruturais e históricas que dizem respeito a processos de exclusão relacionados a raça/etnia, gênero/orientação sexual, condição social, dentre outros. E o cuidado precisa ser um elemento transversal.

 

 

A grande questão é tirar o acolhimento do entendimento de que é uma ação social e o eleger como uma prioridade no planejamento escolar.

educaçãoEduca

 

Etapa 1 – Recepção acolhedora dos adultos – preparação virtual

Para sensibilizar os professores e funcionários na recepção acolhedora sugiro um contato remoto, com o envio prévio de vídeos e mensagens de sensibilização da equipe gestora. Em seguida, convide os professores e funcionários a fazerem um mural digital, dizendo “do que sentem saudade da escola”, criando uma conexão de sinergia na equipe (sugestão de plataforma gratuita: https://padlet.com).

Etapa 2 – Planejamento da recepção acolhedora dos estudantes – recepção presencial

Para o encontro presencial, é importante que a escola crie um ambiente acolhedor. Com esse objetivo, pode-se colar, em algumas paredes, fotos ou frases que remetam à memória de bons momentos, brincadeiras comuns do grupo, comentários típicos e engraçados que compõem o cotidiano escolar e que fortalecem a identidade do grupo e a sensação de pertencimento.

O mesmo conceito pode ser usado em reuniões virtuais, preparando o ambiente virtual e selecionando boas estratégias e ferramentas interativas, além da criação de um ambiente acolhedor.

 

Etapa 3 – Recepção acolhedora dos estudantes – encontro presencial

Atividade ao ar livre: pode- se realizar a recepção em um espaço aberto da escola (quadra, pátio), com uma atividade que movimente o corpo como ioga, alongamento, dança etc. Os professores de Educação Física podem auxiliar na preparação e realização desse momento, respeitando os protocolos de higiene e prevenção. O momento presencial inicial precisa dar conta da necessidade que temos, nesse momento, de colocar o nosso corpo e emoções em jogo.

E na continuidade do planejamento das ações, essa forma de acolher deve fazer parte do cotidiano.

 

Acolher tem relação direta com a comunicação!

É preciso manter alguns canais de comunicação para atendimento das famílias da escola, cuidando para que seja fluída e que chegue a todos!

Se a escola ainda não compartilhou com os familiares as ações que realizou durante o período de isolamento social, é importante que o faça agora. Essa é uma forma de dar transparência e valorizar o trabalho da escola em relação ao cuidado com as crianças e adolescentes, inclusive, socializando o planejamento de longo prazo das ações de acolhimento!

Para a continuidade das ações de acolhimento, invista em espaços de comunicação presencial ou on-line constantes, para que as crianças e adolescentes e suas famílias sintam que há espaço de expressão, planeje atividades de engajamento e monitoramento do acesso e permanência das crianças e adolescentes, e, além disso, envolva as famílias para que se tornem coautoras desse processo de acolhimento.

 

Uma gestão democrática se faz presente em todos os aspectos e se dedica em fortalecer os laços!

Que seja mais um ano em que os desafios sejam pontes para superações e conquistas nas comunidades escolares!

 

Acolhimento Escolar

 

 

 

 

 

 

Referências bibliográficas:

INSTITUTO UNIBANCO. Protocolo de Acolhimento. Disponível em: hhttps://www.institutounibanco.org.br/wp-content/uploads/2020/10/PA_Protocolo_Acolhimento-PF_09out2020.pdf . Acesso em 18mar2020.

STACCIOLI, Gianfranco. O Diário de acolhimento na escola da infância. Campinas, SP. Editora Autores Associados. 2013.

 

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Comentários sobre o texto

  1. maria aparecida de assis teles santos disse:

    Agradecida pelas sugestões de acolhimento tanto aos estudantes, quanto para suas famílias e professores, o fortalecimento dos vínculos de afetividade e empatia é crucial para esse momento tão difícil que ainda estamos vivendo.

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