Dia internacional da mulher, feminismo e sororidade.

por Elaine Stella

07/03/2022

O dia internacional da mulher é celebrado oficialmente desde 1975, mas sua origem data do início do século 20, quando organizações femininas resultantes de movimentos operários protestavam em vários países da Europa e nos Estados Unidos. As jornadas de trabalho de aproximadamente 15 horas diárias e os salários irrisórios levaram as mulheres a fazer greves para reivindicar melhores condições de trabalho e igualdade de direitos.

Hoje, a data é cada vez mais lembrada como um dia para reivindicar igualdade de gênero e com protestos ao redor do mundo — aproximando-a de sua origem com a luta de mulheres que trabalhavam nas fábricas.

Na Agenda 2030 da ONU, por exemplo, constam 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O quinto deles, refere-se a “Alcançar a igualdade de gênero e capacitar todas as mulheres e meninas”.  Lembrando que a Agenda 2030 é um plano de ação global que reúne 17 objetivos de desenvolvimento sustentável e 169 metas, criados para erradicar a pobreza e promover vida digna a todos, dentro das condições que o nosso planeta oferece e sem comprometer a qualidade de vida das próximas gerações.

Observe esses dados que a ONU Mulheres traz:

  • uma a cada três mulheres sofre algum tipo de violência todos os dias;
  • 830 mulheres morrem diariamente por causas evitáveis relacionadas à gravidez;
  • existe apensas uma mulher a cada quatro parlamentares no mundo e
  • a diferença salarial em empresas, sendo que homens recebem mais que mulheres que ocupam o mesmo cargo e fazem as mesmas funções, vem diminuindo, mas só será fechada em 2086.

Um absurdo, não? No entanto, real. E é aí que vem a necessidade do feminismo. Vamos entender um pouco desse movimento?

Importante ressaltar que o feminismo não é o oposto do machismo. De acordo com a ativista e jornalista Nana Queiroz, diretora executiva da revista AzMina, o feminismo é um movimento social e político que tem como objetivo conquistar o acesso a direitos iguais entre homens e mulheres e existe desde o século XIX.

“Feminismo está dentro de uma ideia bem simples, que é a ideia de que mulheres e homens são seres com dignidade equivalente e merecem direitos, oportunidades e liberdades equivalentes”, explica a diretora executiva da revista AzMina.

O feminismo ajudou a conquistar muitos direitos e abaixo temos um infográfico, do site Politize, que traz algumas dessas conquistas no Brasil.

Direitos Mulher

Fonte: www.politize.com.br/movimento-feminista/

 

Ter consciência sobre o que é, o que representa o feminismo e buscar ações que fortaleçam as mulheres é uma forma de empoderamento feminino, de despertar um tipo de compromisso necessário. Ser uma mulher empoderada é reconhecer a opressão que a classe sofre e buscar formas de mudar esse cenário, além de empoderar as mulheres ao seu redor. Uma das ações para auxiliar nesse movimento é a sororidade. Você já ouviu essa expressão?

Apesar do alcance cada vez maior que o feminismo tem conquistado, é bastante comum que as pessoas não saibam o que é sororidade e como o termo se relaciona com a luta das mulheres.

“A origem da palavra sororidade está no latim sóror, que significa “irmãs”. Esse termo pode ser considerado a versão feminina de fraternidade, que se originou a partir do prefixo frater, que quer dizer “irmão” – Significados

“Relação de irmandade, união, afeto ou amizade entre mulheres, assemelhando-se àquela estabelecida entre irmãs” – Dicionário Online de Português

“Sororidade é a ideia de solidariedade entre mulheres, que se apoiam para conquistar a liberdade e a igualdade que desejam. É respeitar, ouvir e dar voz umas às outras sem julgamentos” – Escola Educação

Estudiosas debatem que essa ação sempre esteve presente nas tradições africanas e nas comunidades afro ao redor do mundo. Nos guetos, por exemplo, é bastante comum que as mulheres se unam para olhar o/a filho/a da vizinha que trabalha, elas se defendem mutuamente e se articulam como forma de sobrevivência.

A união entre as mulheres nasce como oposição à cultura machista de competição entre as mulheres. A questão não é sobre ter uma afinidade com todas as mulheres, mas compreender que, independentemente de vivências diferentes, as mulheres possuem uma opressão em comum: a opressão de gênero. Desde cedo as meninas são incentivadas à competição pela roupa mais bonita, o cabelo mais arrumado, as notas mais altas, uma competição para aparecerem mais atraentes. O apoio mútuo entre mulheres, pode ser uma ferramenta poderosa de transformação dessa realidade social.

Mas como trazer o conceito para a nossa prática social, pessoal e profissional? Vejamos alguns exemplos abaixo:

  • compartilhar informações e ensinamentos umas com as outras, contribuindo para um crescimento mútuo;
  • respeitar e tratar outras mulheres como gostaria de ser tratada, independente do contexto;
  • criar um ambiente seguro para trocas de experiências e desabafos;
  • encorajar e indicar oportunidades para outras mulheres;
  • oferecer ajuda para mulheres que se encontram sobrecarregadas;
  • dar voz a mulheres historicamente silenciadas, ou seja, escutar, respeitar, aprender e assimilar a fala de outras mulheres que vivem realidades diferentes da sua;
  • não culpar a vítima pela agressão que ela sofreu, pois nada justifica violência, seja física, sexual ou psicológica. Se perceber que alguém precisa de ajuda, ofereça apoio e acolhimento, como gostaria que fizessem por você;
  • prestar atenção às mulheres que estão ao seu redor e se notar que existe alguma em situação de risco, finja surpresa e a cumprimente: “Fulana, quanto tempo! Vamos tomar um café?”. Assim, você a ajuda a escapar de um eventual perigo e ainda tem a chance de ganhar uma nova amiga;
  • incentivar as meninas a lutar pelos seus sonhos;
  • conhecer e difundir o real significado do feminismo e
  • consumir e indicar trabalhos de outras mulheres.

Dia Internacional da Mulher

O dia internacional da mulher é um lembrete de que a luta só começou. Mulheres lutam todos os dias para melhorar a vida e alcançar seus direitos. O dia 08 é um momento para combater o silenciamento que existe e que normaliza a desigualdade e as violências sofridas pelas mulheres, além de ser um momento para repensar atitudes, mudar comportamentos e tentar construir uma sociedade sem desigualdade e preconceito de gênero.

 

Elaine Stella

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