por Fabiano da Silva Pinto
17/07/2023
Olá, caro leitor! Olá, cara leitora!
Sou Fabiano, formador da Elos Educacional e professor de educação infantil na rede municipal de São Paulo. Em 2021 tive a oportunidade de escrever um texto sobre carta de intenções, onde apresentei um pouco sobre uma possibilidade de organizar o planejamento anual, que substitui a organização conteudista e pouco representativa e abre o caminho para apresentar para a comunidade (bebês, crianças, famílias, professores/as e funcionários/as) as intenções do trabalho pedagógico para um período que pode ser anual ou semestral, mas que deve ser revisitado sempre que necessário. Você pode ler o texto acessando (<https://www.eloseducacional.com/loja/educacao/carta-de-intencoes-educacao-infantil/>)
Continuando esse diálogo, o/a convido a refletir sobre alguns aspectos da utilização da carta de intenções.
Seu ponto de partida são os documentos vigentes de uma educação laica e que garantam o compromissos com a educação para as relações étnico-raciais, de gênero e com a inclusão de bebês e crianças com deficiência, ou seja, precisa estar embasada “na Legislação educacional em vigor e no Projeto Político-Pedagógico de cada Unidade Educacional” (SME, 2020, p.30).
Para essa construção é preciso levar em consideração quem são as crianças e os bebês que serão impactados, para isso é necessário conhecer esse agrupamento, ou seja, a carta não é construída logo no início na primeira semana de trabalho, mas após um período de convívio, por volta de 30 a 45 dias, em que temos uma certa noção de quem são esses protagonistas, quais seus interesses e suas necessidades.
A carta irá apresentar as intenções do trabalho pedagógico, por meio da escuta e do diálogo com as crianças e bebês, pois são agentes do processo, contribuindo fundamentalmente para que nossos olhares possam captar saberes, desejos, necessidades, sempre na busca da garantia e qualidade de todos os direitos.
Essa escuta traz como premissa fundamental, o acolhimento e a sensibilidade para identificar e transcrever as jornadas de experiências, que os bebês e as crianças apresentam na rotina educativa, construindo o rico universo de caminhos e possibilidades de investigações e experiências e do cuidar e do educar.
Os projetos que serão trabalhados durante o ano nascem das referidas escutas e da intencionalidade pedagógica do docente, por isso também se constituem no princípio das “intenções”, funcionando como ponto de partida, portanto, nem sempre teremos ele por completo, mas apresentaremos em linha gerais. Com espaço aberto para que a incompletude possa ganhar sentido, com as práticas cotidianas, não é mesmo?
Pode ser que não haja continuidade ao que foi proposto nos projetos, pois o interesse dos bebês e crianças podem mudar durante o processo. Não há nenhum problema se isso acontecer, pois o importante é indicar na construção e, nos momentos de revistar a carta, os motivos da mudança de rota com o grupo.
Um ponto importante é que a carta não pode ficar apenas no papel, ela precisa dialogar com o fazer pedagógico do cotidiano, por isso deve corresponder à prática que acontece em cada espaço.
Vale lembrar que a carta de intenções é um gênero textual, que cada um pode apresentar da maneira que compreende que melhor irá comunicar para a comunidade a sua intencionalidade pedagógica, ou seja, não há modelos para a sua construção. Penso que a dica está justamente no olhar, na consideração dos conhecimentos e experiências do grupo e como esse acompanhamento intencional, pode gerar arranjos pedagógicos, que favoreçam as experiências, brincadeiras e interações, que são eixos estruturantes na educação da infância.
Nós, professores/as, temos propriedade para falar da nossa turma, pois estamos intencionalmente a observando, convivendo, realizando uma escuta ativa, interagindo e proporcionando possibilidades para o seu desenvolvimento, para suas investigações e pesquisas. Por isso, podemos trazer no documento as angústias e realidades, assim apresentando um mundo real, situações e possíveis soluções.
No início do segundo semestre temos a oportunidade de revisitar essa carta e identificar quais foram os avanços, quais são as novas propostas que serão realizadas com o grupo diante das curiosidades e necessidades apresentadas e quais pontos ainda são necessários dar continuidade nessa jornada.
Espero que esta reflexão dialogue com as suas experiências, para que mais fortalecidos/as, possamos mediar ações que sejam, cada vez mais, espaços de vida e de construção de conhecimentos. Se precisarem, estou por aqui, sempre disposto a compartilhar práticas e ideias. Deixem seus comentários e terei prazer em responder.
Até mais!
REFERÊNCIA
PINTO, Fabiano da Silva. Carta de Intenções – Uma nova forma de planejar o trabalho docente na educação infantil. Elos Educacional. Santo André, 11jun 2021. Disponível em: <https://www.eloseducacional.com/loja/educacao/carta-de-intencoes-educacao-infantil/>. Acesso em 26 mai. 2023.
São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Orientação Normativa de registros na Educação Infantil. – Secretaria Municipal de Educação – São Paulo: SME / COPED, 2020. Disponível em: <https://educacao.sme.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2020/12/ON-Registros-Digital.pdf>. Acesso em 26 de mai. 2023.
Comente qual sua opinião sobre esse texto!