por Andréa Araújo
12/06/2023
Muito tem se debatido nos últimos tempos sobre a valorização e preservação da arte e sempre acreditei na importância desse debate em sala de aula, nas mídias sociais, entre familiares, enfim, em todos os espaços que podem apoiar a educação e valorização das obras de arte e dos/as artistas.
Imagino que todos/as saibam o quanto, por meio da arte, as pessoas podem expressar suas emoções, desenvolver a criatividade, imaginação e compartilhar suas ideias. Então, meu objetivo com esse texto é valorizar, ainda mais, entre as pessoas (crianças, jovens e adultos/as) o reconhecimento sobre a produção artística e continuar a incentivar e motivar a criação de mais obras, pois sabemos que isso contribui para o progresso artístico da comunidade e para a ampliação cultural.
Bem, agora, digiro-me a um ponto fortemente debatido nesses dois primeiros meses de 2023, que é sobre o respeito e valorização do patrimônio material e aproveito para resgatar o conceito de Educação Patrimonial. Vamos lá?
Para Medeiros e Surya, 2009, o patrimônio é um grande acervo, é o registro dos acontecimentos da história de um lugar, de uma sociedade, e muitas vezes se perde por falta de incentivo ou pela perda da identidade da comunidade.
Temos dois tipos de patrimônio, o material e imaterial. O patrimônio material inclui edifícios, museus, monumentos, objetos e obras de arte que representam a história e a cultura de uma comunidade, de uma época e de um local. A preservação destas obras ajuda a manter a memória coletiva da comunidade e a ensinar as gerações futuras sobre a história local.
Por outro lado, o patrimônio imaterial é formado por tradições, costumes, línguas, músicas, culinária e danças que são transmitidas de geração em geração. A importância desses elementos culturais é imensa, pois ajudam a criar um senso de identidade entre as pessoas de uma comunidade e até mantê-la unida.
Há órgãos, como o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), uma entidade pública que atende a preservação do patrimônio público.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Turismo que responde pela preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro. Cabe ao Iphan proteger e promover os bens culturais do País, assegurando sua permanência e usufruto para as gerações presentes e futuras. (Iphan, 2020)
E também cabe a nós, cidadãos, ampliar os diálogos sobre a preservação do patrimônio público. Como podemos fazer isso?
Docentes e pessoas que fazem parte da comunidade escolar podem ampliar o conhecimento e debates sobre arte e patrimônio material e imaterial por meio de diferentes abordagens.
Para começar, os/as estudantes podem ser incentivados/as a aprender sobre artistas e obras de arte locais, gerando assim, mais engajamento e estabelecendo significados, pertencimento e proximidade com esse tipo de obra de arte.
A interdisciplinaridade é outra forma interessante para tratar do tema, pois trabalhar essa questão não é missão apenas do profissional de artes. Pode-se trabalhar o patrimônio material e imaterial na escola por meio de apreciações, leituras, apresentações, exposições artísticas, danças, teatro, esculturas, cartas, fotografias e outros movimentos que permitam que os/as estudantes sejam protagonistas desses momentos.
Finalmente, os/as docentes podem discutir com seus/suas estudantes sobre como a arte pode promover a diversidade cultural. Desta forma, eles/as aprenderão a valorizar a arte e o patrimônio, criando um forte senso de orgulho e respeito por sua cultura.
Valorizar a arte é importante porque ela pode contribuir para a criação de um ambiente mais saudável, respeitoso, possível de estimular a criatividade e o pensamento crítico. É essencial também, para promover a inovação e a diversidade de perspectivas que existem entre as pessoas, com relação a seus olhares e entendimentos sobre o tema, uma vez que é um meio de expressão e comunicação que permite que as pessoas interajam e compartilhem seus pontos de vista.
Mas, o quanto incentivamos, nas escolas, o diálogo sobre o patrimônio material e imaterial para além da apreciação das formas, cores e dos passos de dança, por exemplo? O quanto proporcionamos o entendimento de que esses tipos de criação humana são de responsabilidade de todos/as? Compreendemos que conhecer a cultura de diferentes comunidades, povos, países e pessoas proporciona aprendizado com relação ao passado e as tradições?
Sobre a Educação Patrimonial:
A Educação Patrimonial constitui-se de todos os processos educativos formais e não formais que têm como foco o patrimônio cultural, apropriado socialmente como recurso para a compreensão sócio-histórica das referências culturais em todas as suas manifestações, a fim de colaborar para seu reconhecimento, sua valorização e preservação. Considera-se, ainda, que os processos educativos devem primar pela construção coletiva e democrática do conhecimento, por meio da participação efetiva das comunidades detentoras e produtoras das referências culturais, onde convivem diversas noções de patrimônio cultural. (Iphan)
Para complementar o conceito e importância do patrimônio histórico, Medeiros e Surya citam que:
Portanto, patrimônio histórico seria o conjunto de manifestações culturais, artísticas ou sociais de uma determinada sociedade que, de alguma maneira, seja ela natural, física ou sensorial, se faz presente no meio em que se vive – materializadas através de paisagens, jardins, edificações, monumentos, objetos e obras de arte – sendo importantes peças a serem conservadas, por representarem parte de uma cultura e modo de vida de uma época. (Medeiros e Surya, 2009).
Tomemos como exemplo a possibilidade de conhecer alguns monumentos (patrimônios materiais), localizados em Brasília, Distrito Federal, para apresentar em sala de aula e estabelecer momentos de estudos alinhados à uma das competências da BNCC (Base Comum Nacional Curricular) que é a de número 10:
Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. (BNCC, 2018, p.10)
Algumas sugestões de patrimônios a serem explorados como forma de conhecer e valorizar a nossa própria história:
Além desses temos:
São muitos os patrimônios materiais e imateriais que o/a docente pode selecionar para trabalhar em suas aulas. Escolhi alguns, específicos, em virtude dos debates que surgiram nos primeiros meses deste ano e da importância de dialogarmos em nossas escolas e em nossas casas, sobre a preservação e valorização do nosso patrimônio.
Oliveira, 2011, p.07, em sua pesquisa, cita que é possível no site do Iphan encontrar um programa com produção de material didático a ser utilizado e reproduzido pelo país, relacionado à Educação Patrimonial.
Para finalizar, seguem sugestões que direcionam à documentos sobre a Educação Patrimonial (EP) que podem apoiar na elaboração de planejamentos de aulas. Eles fazem parte do acervo de Educação Patrimonial em sala de aula do IPHAN.
Espero que aproveitem e que ampliem as ações sobre o tema na escola e em casa!
<http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/educacao_patrimonial_na_escola.pdf> Acesso em 20/02/ 2023.
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan. João Pessoa : Iphan, 2013. 108 p. : il. ; 30 cm. – (Caderno Temático; 3)
<https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/25917/1/caderno_tematico_de_educacao_patrimonial_nr_03.pdf> Acesso em 20/02/ 2023.
ASSINATURA+
Referências bibliográficas:
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.
IPHAN. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Disponível no endereço:
< https://www.gov.br/iphan/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/apresentacao>. Acesso em 20/02/ 2023.
Medeiros. M.C, Surya. L. A Importância da educação patrimonial para a preservação do patrimônio. Disponível no endereço:
http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/anpuhnacional/S.25/ANPUH.S25.0135.pdf. Acesso em 20/02/ 2023.
Oliveira. A.F.B. Patrimônio Cultural na Sala de Aula. Disponível no endereço: < http://snh2011.anpuh.org/resources/download/1335817687_ARQUIVO_PatrimonioCulturalnaSaladeAula-AlmirFelixBatistadeOliveira.pdf> Acesso em 20/02/ 2023.
Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa. Disponível no endereço: <https://www.cultura.df.gov.br/patrimonio-material/> Acesso em 20/02/ 2023.
Que texto maravilhoso. Parabéns!
Parabéns, Andréa!