por Ana Luzia da Silva Vieira
11/03/2021
Quantas de nós, ao deitar-se, percebe que o corpo estava gritando por um descanso? E nesse momento, os pensamentos como agora vou meditar; vou pensar no meu dia e em como estou me sentindo; vou planejar o novo amanhecer ou vou ler meu livro iniciado há dias, duram segundos antes do adormecer?
Autores e estudiosos estão evidenciando a sobrecarga de trabalho em que as mulheres muitas vezes são submetidas, como por exemplo, o livro Mulheres não são chatas: mulheres estão exaustas[i] de Ruth Manus ou o texto A precarização tem rosto de mulher[ii] de Diana Assunção. De fato, concordamos que as mulheres estão cansadas de ter que dar conta de tudo e ao final, muitas de nós sermos representadas orgulhosamente como a figura da mulher guerreira, mesmo que tenhamos ido além dos nossos próprios limites e/ou que tivemos que renunciar a momentos planejados em nossas agendas voltados para o autocuidado e o próprio prazer. Cuidamos de tudo, porém muitas vezes esquecemos de cuidar de nós mesmas.
Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, vimos muitas lutas se transformar em conquistas, entretanto o sistema patriarcal que ainda muitas famílias estão organizadas, mantém a mulher como responsável pelos afazeres domésticos, garantindo-a uma dupla jornada de trabalho. Essa jornada intensa de trabalho ainda pode se estender para uma tripla jornada, somando-se aos cuidados com os filhos e agravando-se ainda mais se for de responsabilidade exclusiva da mulher a manutenção financeira da família. Como diz Diana Assunção, está subentendido historicamente de que as mulheres levam mais jeito para o trabalho doméstico, isentando socialmente o homem desses afazeres, mantendo sob a responsabilidade da mulher esse “serviço invisibilizado e gratuito sem nenhum tipo de socialização.”
De acordo com o IBGE[iii] o trabalho doméstico continua nas mãos das mulheres, em sua maioria, pois as pesquisas revelam que as mulheres ocupadas no mercado de trabalho dedicam aos afazeres domésticos 18,5 horas semanais e homens 10,3 horas e, nessa mesma pesquisa, os dados indicam que homens em coabitação nas condições de responsáveis ou cônjuges realizam menos afazeres do que as mulheres nessas mesmas condições.
Mas o que fazer para ter equilíbrio entre o emprego e as atribuições da vida pessoal?
Nossa luta continua…
No mundo corporativo, continuamos na luta pelo reconhecimento profissional, pela equiparação salarial e pelas mesmas oportunidades que os homens e, enquanto trabalhadoras pela garantia da valorização e respeito à mulher nos ambientes de trabalho.
Dentro das famílias, continuamos na luta para que os afazeres domésticos deixem de revelar a opressão de gênero, como se naturalmente fossem de nossa responsabilidade.
E vamos continuar lutando!
[i] https://observador.pt/opiniao/mulheres-nao-sao-chatas-mulheres-estao-exaustas/
[ii] https://revistageni.org/10/a-precarizacao-tem-rosto-de-mulher/
[iii] https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/24266-mulheres-dedicam-mais-horas-aos-afazeres-domesticos-e-cuidado-de-pessoas-mesmo-em-situacoes-ocupacionais-iguais-a-dos-homens
Parabéns, Ana Luzia! Excelente texto.
Excelente texto, Ana! O assunto é extremamente relevante e nos convida a refletir sobre nossa posição no mercado de trabalho. Temos muito a conquistar ainda.