Protagonismo estudantil e autonomia para a ação: como desenvolver essas competências no ambiente escolar.

por Maria Luiza Ramos e Solange Cruz

04/04/2022

Na nossa trajetória como formadoras de integrantes de equipes da gestão escolar ou da docência, temos nos deparado nos planejamentos com ações classificadas como de protagonismo estudantil, que não resistem a uma análise mais aprofundada.

A implementação das competências gerais da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) implica na promoção do protagonismo estudantil por parte das escolas, sendo esse um dos aspectos fundamentais que compõem as diferentes dimensões de atuação da gestão escolar democrática sendo um dos mais desafiadores, tanto no ensino presencial como no híbrido.

Fonte: Movimento pela Base Nacional Comum Curricular. Dimensões e Desenvolvimento das Competências Gerais da BNCC, p.2.

O intuito deste texto é contribuir com os/as educadores/as a respeito da compreensão das etapas do protagonismo e autonomia dos/as estudantes, levando em conta as fases do desenvolvimento humano e considerando as pessoas envolvidas e o papel do/a educador/a como mediador/a no processo.

 

Diante disso, procuramos entender melhor o significado de protagonismo. Será que o protagonismo implica em tomar a iniciativa na realização de ações? Será que podemos dizer que é protagonismo estudantil uma atividade feita pelo/a aluno/a a pedido de docentes, como por exemplo a resolução de problemas de matemática?

 

Expressões como protagonismo dos/as estudantes, alunos/as como protagonistas de sua aprendizagem, alunos/as como centro do processo de ensino e aprendizagem, protagonismo dos/as alunos/as nas metodologias ativas, são recorrentes nas falas e propostas educacionais atuais. Tudo isso reflete a preocupação dos/as educadores/as em relação à participação ativa dos/as estudantes nas aulas e na garantia de seu aprendizado, principalmente no momento atual de retorno às aulas presenciais.

 

Nesse cenário, uma pergunta nos inquieta: qual a importância real do protagonismo dos/as estudantes no processo educativo?

 

Martins (2021) diz que estamos vivendo na era da quarta revolução industrial, que tem possibilidades ainda não conhecidas, que, por sua vez, trazem novas demandas, que exigem soluções rápidas. Dentre as demandas do mundo atual está o preparo das novas gerações para enfrentar a incerteza, as mudanças rápidas e a volatilidade das situações.

 

Nessas condições, explica Martins, o/a estudante precisa ser instigado/a e protagonizar soluções e buscar suas próprias respostas aos problemas que lhe apresentam. E o/a autor/a ainda é taxativo em relação à importância da autonomia, esclarecendo que ela é essencial, assim como a modulação da trajetória de sua construção. A sala de aula não é mais um palco para discursos e exposições de conteúdos, mas, sim, um espaço coletivo de interação, em que os/as alunos/as possam fazer escolhas, o que levará à transformação do tempo presente, com vistas a um futuro em que haja mais empatia e aceitação das diferenças.

Costa e Vieira (2006) ensinam que o protagonismo juvenil é fundamental para a formação de cidadãos/ãs solidários/as e autônomos/as, que se mantenham sintonizados com as necessidades do mundo atual, apropriando-se das novas linguagens que surgem diariamente e conscientes de seu papel diante das desigualdades sociais, tão evidenciadas pela pandemia do coronavírus.

 

Na mesma linha de pensamento, Franco (2012) chama a atenção para o desafio que tem sido para os/as educadores/as propor ações que vão além do acesso passivo ao conhecimento, pois o protagonismo exige vivências e experiências que só existirão em um ambiente escolar democrático, que favoreça aos/às alunos/as uma participação autêntica na organização de ações, nos processos decisórios de aprendizagem, na valorização de sua presença nas instâncias decisórias institucionais e, numa escala mais ampliada, podendo extrapolar para a sua comunidade.

 

Em sintonia com esses/as educadores/as, entendemos que a concretização do protagonismo estudantil exige que a escola desenvolva estratégias e procedimentos nas aulas presenciais e híbridas, bem como nos outros espaços e momentos educativos que incentivem a participação dos/as alunos/as, acreditando no seu potencial para planejar, organizar, desenvolver e avaliar ações.

 

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Referências bibliográficas:

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

COSTA, Antonio Carlos Gomes da, VIEIRA, Maria Adenil. Protagonismo juvenil: adolescência, educação e participação. 2ª. Ed. S. Paulo, FTD; Salvador, BA: Fundação Odebrecht, 2006, p.178.

FRANCO, Francisco Carlos. O coordenador pedagógico e a questão do protagonismo juvenil. In PLACCO, Vera M. N S. e ALMEIDA, Laurinda R. A. (org). O coordenador pedagógico e questões da contemporaneidade. Ed. Loyola, 6ª ed. São Paulo. 2012.

MARTINS, Carlos Eduardo Nascimento. Papel do professor: as mudanças que as revoluções industriais causaram em sala de aula. 06/04/2021. Disponível em https://www.somoseducacao.com.br/papel-do-professor/ . Acesso em 20/04/2021.

MESSIAS, Tiago Monteiro (Org.). Planejamento estratégico na escola: ações em contexto de (pós) pandemia.  São Paulo: Elos Educacional, 2020, p. 15-19.

SENGE, Peter [et. Ali]. Escolas que aprendem: um guia da Quinta Disciplina para educadores, pais e toso que se interessam pela educação. Trad. Ronaldo Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2005.

SOUZA, Ana Maria Martins; DEPRESBITERIS, Léa; MACHADO, Osny Telles Marcondes. A mediação como princípio educacional: Bases Teóricas das abordagens de Reuven Feuerstein. São Paulo: Senac, 2004, p. 39, 165-166.

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Comentários sobre o texto

  1. Andréa Gonçalves disse:

    E-book excelente! Muitas vezes praticamos o protagonismo dos/as estudantes no desenvolvimento das atividades, e esquecemos que podem e devem atuar no planejmanto, organziação e avaliação! Parabéns pela produção!

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