Enfrentando o impacto do racismo nas escolas

por Michael Alfredo

18/11/2024

O racismo nas escolas brasileiras ainda é um grande obstáculo para a construção de um ambiente de aprendizagem justo e acolhedor para todas as crianças e adolescentes. Esse problema não afeta apenas o desempenho acadêmico dos/as estudantes, mas também impacta profundamente o seu bem-estar emocional, criando barreiras que podem durar toda a vida. Em 2024, apesar de avanços, o racismo no ambiente escolar continua a ser uma realidade que exige mudanças práticas e políticas inclusivas para garantir uma educação equitativa.

 

 

Relatórios recentes do UNICEF mostram que o racismo e a discriminação são parte do cotidiano de muitos/as jovens brasileiros/as, impactando suas oportunidades de aprendizado e perpetuando desigualdades. Crianças de grupos étnicos marginalizados têm menos chances de desenvolver habilidades básicas de leitura e escrita quando comparadas a seus colegas não marginalizados/as. Essa disparidade não apenas prejudica suas trajetórias escolares, mas também limita suas perspectivas futuras, perpetuando um ciclo de desigualdade que passa de geração em geração.

 

Um exemplo de ação para combater essa realidade é a publicação “Indicadores da qualidade na educação – relações raciais na escola”, desenvolvida pela ONG Ação Educativa em parceria com o UNICEF. Essa ferramenta visa ajudar as escolas a revisarem e melhorarem suas práticas em prol de uma educação antirracista. O material inclui um método de autoavaliação para as escolas, abordando questões como o currículo, a postura dos professores, e as relações interpessoais, com o objetivo de criar um ambiente onde a diversidade racial seja respeitada e valorizada.

 

 

O impacto do racismo vai além da sala de aula: ele afeta a autoestima dos/as jovens e, muitas vezes, leva ao abandono escolar. Crianças e adolescentes que experienciam discriminação frequentemente se sentem excluídos/as e inseguros/as no ambiente escolar, o que prejudica não apenas seu rendimento, mas também seu desenvolvimento como cidadãos. Essa exclusão também pode desencadear problemas emocionais, como ansiedade e depressão, que afetam profundamente a qualidade de vida dos/as jovens negros/as.

 

 

Os desafios do racismo não se limitam aos/as estudantes: os/as professores/as também são impactados/as. Educadores negros e negras enfrentam preconceitos no ambiente de trabalho, o que prejudica sua atuação profissional. Além disso, alguns/as professores/as, por falta de formação adequada, acabam perpetuando práticas discriminatórias, ainda que de maneira inconsciente. Por isso, a formação contínua dos/as profissionais da educação em práticas antirracistas é essencial. A promoção de um ambiente acolhedor e inclusivo depende diretamente da sensibilização e preparo de quem está neste papel de mediador/a das aprendizagens.

 

As Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que tornaram obrigatório o ensino da história e da cultura africana, afro-brasileira e indígena nas escolas é um marco importante na luta pela igualdade, mas sua implementação tem sido deficiente. Muitos/as estudantes ainda não têm contato com conteúdos que valorizem a diversidade racial do país, o que priva todos e todas — não apenas as pessoas negras — de uma compreensão ampla sobre as raízes e contribuições da população afrodescendente na formação da identidade brasileira.

 

Portanto, o combate ao racismo nas escolas brasileiras exige um esforço coletivo que envolva educadores/as, estudantes, famílias e a sociedade como um todo. O uso de ferramentas como os “Indicadores da Qualidade na Educação” e o compromisso com políticas inclusivas são passos importantes para garantir que cada escola seja um espaço seguro, respeitoso e acolhedor para todos e todas.

 

Nesse contexto, a Elos Educacional está engajada nesse combate, promovendo formações personalizadas sobre equidade racial, voltadas para educadores/as e gestores/as escolares. Essas iniciativas têm como objetivo não só informar, mas também preparar a comunidade escolar para lidar com questões de discriminação de forma proativa e construtiva, criando um ambiente mais inclusivo e consciente.

 

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Referências:

UNICEF. (2024). Racismo e discriminação contra crianças e adolescentes são comuns em países de todo o mundo. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/publicacao-de-educacao-antirracista-para-escolas-ganha-nova-edicao.

UNICEF. (2023). Indicadores da Qualidade na Educação: Relações Raciais na Escola. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/relatorios/indicadores-da-qualidade-na-educacao-relacoes-raciais-na-escola.

 

 

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