por Silvana Tamassia e Sueli Lima Nunes
02/09/2024
Como temos refletido em nossas produções e no núcleo de estudos da Elos Educacional, para transformar a nossa sociedade num espaço que ofereça oportunidades equânimes para todas as pessoas, precisamos começar com cada um e cada uma de nós.
A mudança que queremos em nossa sociedade começa dentro de cada pessoa, em suas atitudes, seus valores, suas crenças e suas vivências e reflexões.
Quando passamos a refletir sobre aquilo que vemos, fazemos e falamos, e buscamos nos aprofundar em conceitos importantes construídos ao longo da nossa história, temos a oportunidade de mudar nossas atitudes diante de diferentes situações que vivemos em nosso dia a dia. E mais do que isso, podemos começar a provocar outras pessoas ao nosso redor a também pensarem sobre esses pontos e a questionarem suas próprias atitudes.
Quando falamos do racismo estrutural, este é um ponto bastante importante e, para contribuir com essa discussão, conversamos com Sueli Lima Nunes, educadora, ativista e especialista no tema, para que possamos entender a diferença entre os conceitos de letramento racial e Educação para as Relações Étnico-Raciais (ERER).
Veja a seguir como ela define cada um desses conceitos e entenda como isso se relaciona com a sua vida e com o seu trabalho enquanto educador/a.
A entrevista completa pode ser vista em nossa série, Momento Elos, disponível em nosso canal do Youtube.
A grande diferença entre letramento racial e Educação para as Relações Étnicos Raciais (ERER) é que o letramento racial se dá na esfera pessoal individual, onde o sujeito busca conhecimentos a partir da própria trajetória do povo negro brasileiro, observa a própria sociedade, a estrutura dessa sociedade, observar as diversas desigualdades, principalmente de caráter racial e, a partir dessa compreensão crítica, tem uma ação propositiva, uma ação de combate ao racismo.
Já em relação à ERER, podemos perceber também duas dimensões: a dimensão política, do enfrentamento ao racismo, de políticas de equidade, de política reestruturadora da própria sociedade, e a dimensão da práxis pedagógica, com desdobramento em sala de aula.
A Lei 10.639/93, no artigo 26a, propõe a obrigatoriedade do estudo da cultura afro-brasileira e africana para melhor compreensão e entendimento dos/as estudantes de uma parte significativa da história que, muitas vezes, foi negada e negada de forma bastante intencional. Por isso que é tão estruturador olharmos para os currículos de forma transversal aos processos formativos dos/as professores/as, não só da formação continuada, mas também da formação inicial, observando os aspectos da aquisição de material, como livros, jogos, enfim, com olhar afro-centrado e o desdobramento disso, principalmente na aprendizagem.
É interessante ter um olhar para a aprendizagem com esse recorte racial, para que nós possamos perceber o que já configura nacionalmente, infelizmente, essas grandes desvantagens entre essas clientelas, entre essa população, estudantes negros e não negros, porque se nós estamos falando de uma conjuntura nacional, de estudantes brasileiros/as, é muito importante trabalharmos com bastante intencionalidade, para que o direito à aprendizagem possa ser, de fato, obtido por todos e todas.
Daí, a grande importância do trabalho de unidade racial e a grande importância do trabalho com a ERER de maneira intencional focada, justamente, nas questões que afetam estudantes pretos/as e pardos/as.
Assista ao vídeo em nosso canal do Youtube aqui.
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