por Janaina Sousa
19/04/2023
As últimas notícias sobre os casos de violência nas escolas do nosso país têm deixado um rastro de medo e preocupação. Dados de um levantamento feito por pesquisadores/as da Unicamp, liderados/as por Telma Vinha, mostram que tivemos 22 ataques às escolas entre 2022 e 2023, o que resultou, inclusive, em um relatório entregue ao governo de transição no final do ano passado, indicando a necessidade de um olhar atento para essa situação.
Quando casos envolvendo a morte de docente e crianças estampam os noticiários e repercutem nas redes sociais, nossa tendência é buscar soluções imediatas para o problema, o que é compreensível e recomendável, pois não podemos permitir que outros casos aconteçam para pensar em soluções. Precisamos, no entanto, buscar formas de fomentar uma cultura de paz nas escolas, caso contrário, estaremos apenas mascarando, temporariamente, as situações, sem um planejamento de médio e longo prazo.
Neste momento, algo fundamental é a relação de confiança que precisa existir entre todos/as os/as integrantes da comunidade escolar, relação essa que também se constrói. Segundo Adriana Rieger, coordenadora de projetos na Elos, quando nos detemos em analisar sobre o que nos faz confiar em alguém, podemos ponderar algumas motivações importantes, como:
Pense nesses pontos e em outros abordados no texto “Confiança – um conceito fundamental”, para planejar as ações que poderá desenvolver em sua escola para estreitar os laços de confiança e minimizar os impactos do medo que ronda o ambiente escolar.
A criação de uma cultura de paz nas escolas também é algo que precisa ser planejado. Já no ano de 2000, Ano Internacional da Cultura de Paz, a UNESCO lançou um manifesto buscando incentivar cada indivíduo no compromisso para uma cultura de paz no seu entorno. Os seis princípios básicos consistiam em:
1 RESPEITAR A VIDA: respeitar a todos/as, em sua multiplicidade e sem nenhum tipo de preconceito ou discriminação.
2 REJEITAR A VIOLÊNCIA: combater de forma explícita todos os tipos de violência, sejam de ordem física, psicológica, social, sexual, etc.
3 SER GENEROSO: compartilhar conhecimento, cultura, tempo, boas ideias e recursos materiais, buscando eliminar a exclusão, a injustiça e a opressão.
4 OUVIR PARA COMPREENDER: privilegiar a escuta ativa e o diálogo, principalmente dos grupos mais vulneráveis, defendendo a liberdade de expressão e a diversidade cultural e religiosa.
5 PRESERVAR O PLANETA: promover um consumo responsável e um modelo de desenvolvimento que considere a importância de todas as formas de vida e o equilíbrio dos recursos naturais do planeta.
6 REDESCOBRIR A SOLIDARIEDADE: contribuir para o desenvolvimento das comunidades propiciando a plena participação das mulheres e o respeito aos princípios democráticos para criar novas formas de solidariedade.
Compreendendo que a educação é uma importante mola propulsora para efetivação dessa cultura de paz almejada, a UNESCO lançou o material – Paz, como se faz – com dicas de atividades englobando esses 6 princípios fundamentais.
Você, caro/a leitor/a, que acompanha as publicações da Elos Educacional, já deve ter percebido que também temos uma grande preocupação, seja por meio das nossas formações e/ou produções, de promover reflexões, conhecimentos e oferecer instrumentos para que as escolas promovam mudanças que propiciem melhoria do clima escolar, favorecendo essa cultura de paz e, consequentemente, a prevenção da violência. Essa mudança requer intencionalidade, planejamento e persistência, pois a definição da escola que desejamos é essencial para determinar se ela será influenciada pelos valores da sociedade na qual está inserida ou se poderá influenciá-la, fomentando discussões que levem a mudanças de ideias e comportamentos que possam promover as transformações necessárias.
Acredito que todos/as nós sabemos o que deve ser feito, mas, muitas vezes, temos dúvidas sobre como fazer. Como Silvana Tamassia, sócia-fundadora da Elos, aponta no texto “Ser estudante no século XXI- pós pandemia”, um dos desafios deste novo século é o desenvolvimento de competências que vão para além do domínio cognitivo, como as relações interpessoais, que envolvem habilidades de expressar ideias e responder aos estímulos de outras pessoas, e intrapessoais, que envolvem a capacidade de lidar com as emoções e ajustar os comportamentos de modo a atingir os objetivos.
O texto “Currículo e participação”, escrito por Claudia Zuppini, sócia-fundadora da Elos Educacional, corrobora com a ideia de que, embora seja um desafio, ao pensar o currículo a escola deve fornecer a construção de conhecimentos, atitudes e valores que tornem o estudante mais solidário, ético e participativo.
É de extrema importância trabalharmos a cultura de paz nas escolas, atualmente existe muitos pontos influenciadores, que proporcionam a insegurança, precisamos nos preparar em vários aspectos.
Obrigada pelo texto!
Parabéns, Janaina!